Banqueiros: UE devia romper com agências de rating - TVI

Banqueiros: UE devia romper com agências de rating

Presidentes do BES, BPI e CGD defendem criação de agências e critérios europeus

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Os banqueiros portugueses responderam esta quarta-feira em uníssono à decisão da Moody's, que cortou a classificação da dívida portuguesa para «lixo», atacando as agências de rating.

Para o presidente do BES, Ricardo Salgado, este foi mais um movimento na guerra que se está a travar entre o euro e o dólar.

Recorrendo à batalha naval para ilustrar a situação, Salgado afirma numa nota escrita que este «foi mais um tiro certeiro» no «navio Portugal» da «frota europeia», uma frota que se deixou «cercar pelas agências de rating norte-americanas.

«Só vamos conseguir sair desta situação se forem criadas uma ou mais agências de rating europeias e se as instituições europeias deixarem de exigir as notações das agências de rating norte-americanas», escreve o banqueiro.

Já o presidente do BPI, Fernando Ulrich, diz que a Europa tem de agir no sentido de limitar o impacto que as agências financeiras têm. «Partilho as preocupações do presidente da Comissão Europeia. A Europa tem medidas que podia tomar de imediato para limitar a influência negativa destas agências americanas, nomeadamente deixar de utilizar as notações de rating nos critérios de decisão do BEI (Banco Europeu de Investimento) e do BCE (Banco Central Europeu) e passarem a ter critérios próprios», afirmou, numa declaração à Reuters.

Para o banqueiro, esta era a forma de os organismos deixarem de «estar escravizados pelos critérios das agência s de rating norte-americanas».

«Se as agências de rating têm este comportamento que nos preocupa a todos e pelos vistos também preocupa os dirigentes europeus, a solução era deixar de utilizar os critérios» delas, refere. Na sua opinião, a criação de critérios próprios europeus seria «um sinal fortíssimo sobre o que (a Europa) pensa desta matéria e diminuía a instabilidade que isto gera e não deixava que as consequências negativas se amplifiquem.

Esta manhã já o presidente da CGD, Faria de Oliveira, tinha reagido, considerando a descida de rating «imoral e insultuosa», um «ataque», a que as instâncias europeias têm de reagir.

«A alteração do rating da República pela Moody`s é imoral e insultuosa. Imoral em relação aos argumentos e fundamentos, insultuosa para Portugal, que com um novo Governo maioritário e o apoio de 80% dos eleitores está a aplicar rápida e determinadamente o acordo com a troika», disse à Lusa o presidente da CGD.

A decisão daquela agência de notação financeira ofende igualmente a «União Europeia, a Comissão Europeia e os Estados Membros, e também o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deram o seu aval ao acordo que agora começou a ser implementado».

Também para o presidente executivo do Banco Santander Totta, Nuno Amado, o corte foi «uma decisão inesperada e desadequada».

Numa nota às redacções, o banqueiro lembra que «o país está a implementar com toda a determinação e precisão as medidas acordadas» e que, «com a aplicação dessas medidas, considero que existe um alto nível de probabilidade de cumprir o programa estabelecido, cujos objetivos de consolidação orçamental foram já definidos pela troika», afirmou.

«Foi uma decisão muito inapropriada que vem impor mais dificuldades a uma situação já de si exigente», sublinhou.
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