BIC dava menos pelo BPN se o comprasse agora - TVI

BIC dava menos pelo BPN se o comprasse agora

Desde julho, altura em que negócio ficou acordado com o Governo, a conjuntura degradou-se

Se o BIC só agora se tivesse comprometido com o Estado a comprar o BPN dava menos dinheiro pelo banco. O acordo foi alcançado em julho de 2011 e o BIC quis «honrar a palavra». Até pensou desistir do negócio, mas acabou por ir avante e, a partir desta sexta-feira, o BIC é o novo dono do Banco Português de Negócios.

«Se fosse agora o preço de aquisição se calhar até seria mais baixo. Desde julho a conjuntura degradou-se», disse esta sexta-feira Mira Amaral, depois de o BIC ter assinado o contrato de compra e venda do BPN com o Governo.

«Eu não pago nada, quem paga são os acionistas. Fizemos a avaliação económico-financeira do banco em julho de 2011. Compreende que a avaliação feita nessa altura, se fosse feita hoje, tendo em conta a situação do país e do banco - a culpa não é dos trabalhadores nem dos depositantes, contamos com eles para recuperar o banco - seria diferente. Se fizéssemos as contas hoje o banco valeria menos do que os 40 milhões que pagámos».

Mas «temos uma estrutura acionista forte» e, por isso, sublinhou Mira Amaral, «honrámos a palavra». Discutir agora «40 ou 30 milhões não estava em causa». De qualquer modo, «tínhamos argumentos para dizer que o preço seria inferior».

Certo é que o negócio está fechado. «Com aquisição do BPN, vamos ter acesso à rede de retalho à escala nacional e, portanto, com esta aquisição o BIC passa a ter uma linha de negócio no domínio do retalho que até agora era pequena e apenas complementar em relação às linhas que tínhamos», focadas na banca de empresas e na banca de correspondentes.



O acordo com o Governo implica que o BIC tome «conta do banco», tendo «até ao fim do ano para decidir quais as agências e centros de empresa com que queremos ficar. Só apos esse trabalho é que sabemos mínimo de trabalhadores que ficamos».

O compromisso é no mínimo 750 trabalhadores, mas o presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do BIC, Fernando Teles, adiantou já que ficarão cerca de 1.000 funcionários.

Sobre o assunto «gasto» que é o BPN, Mira Amaral quis frisar que «uma empresa e um banco valem aquilo que os resultados futuros derem. O passado não conta para o valor económico de um banco».

Os acionistas do BIC, «ao tomarem esta decisão de comprarem o BPN estão a assumir um risco de Portugal com uma dimensão que não tinham até agora». Expressaram «confiança».

«Hoje comprámos o BPN. Não comprámos a totalidade ¿ de acordo com lei das privatizações os trabalhadores tinham direito a comprar. Agora, segue-se uma nova fase de comprarmos aos trabalhadores o que eles compraram ao Estado».

Só depois, explicou, «temos condições para fazer o processo de integração do BPN no BIC».

De qualquer modo, o Banco de Portugal autorizou já o BIC a acabar com a marca BPN.

O Banco Português de Negócios apresentou entretanto contas: o prejuízo caiu mais de metade em 2011.

A propósito, o Bloco de Esquerda teceu duras críticas ao Governo por ter vendido o BPN por 40 milhões de euros, quando «enterrou» no banco 8 mil milhões.
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