Ciberjornalismo «sem forma mágica» de financiamento - TVI

Ciberjornalismo «sem forma mágica» de financiamento

Agência Financeira

Ainda não foi descoberta, diz Helder Bastos

O ciberjornalismo em Portugal tem sido visto de forma conservadora pelas empresas e pela própria classe, um dos motivos pelos quais ainda não se descobriu a «fórmula mágica» de o financiar.

É o que defende o professor do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, Helder Bastos, que acaba de publicar o livro «Ciberjornalistas em Portugal: Práticas, Papéis e Ética». Esta obra resultou da primeira tese de doutoramento sobre ciberjornalismo defendida em Portugal.

O objectivo do trabalho passa por perceber como trabalham em Portugal profissionais de alguns dos principais órgãos de comunicação social e explicar «uma certa limitação no desenvolvimento» do ciberjornalismo no país.

«Não se foi mais longe no ciberjornalismo porque historicamente o contexto nunca foi favorável a grandes investimentos no online», diz Helder Bastos, citado pela Lusa, apontando a viragem do século XX para o XXI como um período de excepção, de «alguma febre e ambiente favorável a investimentos na área», em concreto em órgãos exclusivamente virtuais como o «Diário Digital» ou o «Portugal Diário».

A primeira década do século XXI foi, no entanto, de «pouca progressão e aposta» no ciberjornalismo, pontuada por «muita cautela e receio».

«As empresas nunca investiram de forma decidida», sustenta o docente e especialista de media, reconhecendo que este é um «problema não exclusivo de Portugal».

O que espera o jornalismo nos próximos tempos «são dias difíceis, quer para empresários quer para a classe jornalística», embora Helder Bastos aplauda o «posicionamento em relação ao futuro» dos grupos de media nos últimos anos, nomeadamente por via de investimentos em novas plataformas de distribuição como os smartphones e os tablet PC.

«As empresas começaram a posicionar-se investindo mais vincadamente na distribuição multiplataforma». A «estratégia é atacar em todas as frentes» mas Helder Bastos desconhece se tal por si só garantirá «o futuro das empresas jornalísticas».

É necessário investir mais na formação de quadros, na investigação própria dos órgãos e no «estimular da criação de fontes próprias» dos jornalistas, cenário que diz ser «particularmente desfavorável» no ciberjornalismo, onde muitas vezes os profissionais são vistos como "«jornalistas de segunda» e têm «muito pouco tempo e espaço» para a criação de agendas próprias.

«Ciberjornalistas em Portugal: Práticas, Papéis e Ética», título editado pela Livros Horizonte, apresenta os resultados de um inquérito a 67 profissionais de órgãos como o Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Publico.pt, Diário Digital, Portugal Diário, Expresso, Visão Online, SIC Online, TSF Online, Rádio Renascença, RDP, RTP e TVI.

Como jornalista, profissão que exerceu entre 1988 e 2003, Helder Bastos trabalhou no Jornal de Notícias, Rádio Press e Diário de Notícias.
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