«Com mil milhões compra-se o BPI e não o BPN» - TVI

«Com mil milhões compra-se o BPI e não o BPN»

BPN

Rede de agências do BPN tem 210 agências e o BIC comprometeu-se a ficar com entre 160 e 170 balcões

Relacionados
As condições existentes no primeiro concurso que houve para a privatização do BPN, que não teve sucesso, implicavam um investimento de mil milhões de euros, revelou à Lusa o presidente do Banco BIC português, que ganhou o segundo concurso.

«O primeiro concurso de privatização ficou vazio porque o Governo quis privatizar o BPN com todos os passivos que lá estavam e com todos os trabalhadores. E nós fizemos as contas de quanto é que custava comprar o BPN nesse contexto, não para ganhar dinheiro, mas pô-lo a flutuar sem perder dinheiro, e isso custava mil milhões de euros. Ora, com mil milhões de euros compra-se o BPI, não se vai ao BPN», salientou Mira Amaral.

«Isto mostra o total irrealismo daquela proposta de tentar vender o banco com todos os trabalhadores e com todos os passivos. Julgo é que há aí muito boa gente que, ou se esqueceu, ou não percebeu as evidências desse primeiro processo falhado de privatização. Portanto, a única maneira de tentar vender o BPN era desta forma mais realista, em que são passados para o Estado uma série de passivos e quem compra também não fica com todos os trabalhadores», disse o banqueiro.

BPN: rede tem 210 agências

A rede de agências do BPN tem 210 agências (incluindo 10 centros de empresa) e o BIC comprometeu-se a ficar com entre 160 e 170 balcões. «O Banco BIC tem seis agências e seis centros de empresas, portanto, no último caso a desproporção não é grande. Temos que equacionar se vamos ficar com todos os centros de empresas, ou se alguns não são necessários».

O responsável explicou que, após a integração do BPN, serão fechados alguns espaços físicos «porque alguns são redundantes», acrescentando que «por outro lado, nalguns sítios há demasiados balcões do BPN na mesma região. Tal como vários bancos estão a eliminar balcões que têm a mais em determinadas regiões, o BPN também pode ter esse problema. E é por isso que o BIC não quer ficar com todos os balcões».

Miral Amaral apontou também para a sobreposição de serviços administrativos que resultará da integração do BPN: «Por isso é que nós, dos 1600 trabalhadores que o BPN tem, comprometemo-nos a ficar com pelo menos 750. Mas, obviamente, é totalmente irrealista que possamos ficar com todos os trabalhadores do BPN», afirmou.

Mira Amaral disse ter hoje «o mesmo conhecimento do BPN que tinha no dia 31 de julho. Porque desde o dia em que foi estabelecido o acordo até hoje, o Governo não mandou o contrato de compra e venda, com o qual o BIC pagará logo 20 por cento (dos 40 milhões de euros acordados com o Executivo) e só a partir daí terá acesso a mais informação do BPN».

Sobre as razões para o atraso, Mira Amaral evitou tecer grandes considerações: «Tem que perguntar ao Governo. Não quero fazer comentários. Mas que não é nada agradável para nós, não é. E também é mau para os trabalhadores do BPN», frisou.
Continue a ler esta notícia

Relacionados