CP Carga queria excepção nos subsídios

A disponibilidade da CP Carga para não aplicar os cortes salariais aos subsídios terá estado na origem da demissão da administração da empresa, disse esta sexta-feira à Lusa o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Sector Ferroviário (SNTSF).

«Terá havido um acordo com o sindicato e, em função disso, a administração da CP considerou uma falta de solidariedade e demitiu a direção da CP Carga», disse José Manuel Oliveira.

O sindicalista disse que os cortes salariais definidos pelo Governo «estão a ser executados» no salário base dos trabalhadores, mas acrescentou que a administração da empresa se manifestou disponível para não aplicar as reduções nos subsídios, estando agendada para segunda-feira uma reunião com o sindicato para discutir este assunto.

«Aplicaram os cortes salariais, mas a administração da CP Carga terá manifestado disponibilidade para rever essa posição em relação ao trabalho nocturno, trabalho extraordinário e trabalho em dia de descanso semanal».

Em Janeiro esta situação não se colocou, uma vez que estes subsídios são pagos aos trabalhadores sempre com atraso, pelo que a redução só será sentida quando forem processados os vencimentos de Fevereiro.

Já o presidente do Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) garantiu à Lusa que os vencimentos dos trabalhadores da CP Carga sofreram os cortes salariais definidos pelo Governo.

«Não há qualquer anulação dos efeitos de redução dos salários», assegurou o presidente do SMAQ, António Medeiros. «Sofremos o que sofreram todos os trabalhadores da Função Pública e da CP passageiros».

A administração da CP Carga foi demitida pelo «accionista principal», a holding CP, confirmaram à Lusa fontes da empresa e do Ministério das Obras Públicas.

De acordo com fonte oficial da tutela, a administração da CP Carga foi demitida devido ao «não cumprimento dos cortes salariais decretados pelo Governo na função pública», acrescentando ter tido conhecimento da decisão.

Esta semana, o SMAQ anunciou a suspensão da greve agendada para quinta-feira na CP Carga até ao dia 3 de Março, depois de ter estabelecido um acordo com a empresa.

Este acordo prevê que os trabalhadores da CP Carga passem a reger-se pelo Acordo de Empresa e não pelo Regime de Contrato de Trabalho das Funções Públicas.

Isto porque, explicou o sindicalista, os trabalhadores da CP Carga têm «um regime específico, não estão atrás do balcão em horário fixo e têm um ritmo de descanso e férias completamente diferente».

O SMAQ está agora a aguardar até ao dia 03 de Março para que o acordo seja ratificado pelo secretário de Estado dos Transportes.