Crise política e da dívida na mira dos media internacionais - TVI

Crise política e da dívida na mira dos media internacionais

Jornais económicos falam da recusa do PSD em aumentar impostos, do impasse no Orçamento para 2011 e da possível demissão do Governo

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A crise política, orçamental e de dívida pública em que Portugal se encontra tem estado no centro das atenções, não só no plano interno, mas também lá fora, onde chega a ter honras de primeira página.

Esta terça-feira o «The Wall Street Journal» e o «Financial Times» deram destaque ao nosso país, embora não seja pelas melhores razões: os juros exigidos pelos investidores para deterem dívida púbica nacional têm registado sucessivos máximos, estabelecendo esta terça-feira um novo recorde, nos 6,71%.

Um marco atingido um dia depois de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter recomendado um aumento de impostos, entre outras medidas, com vista à redução do défice, e numa altura em que PSD e Governo não conseguem chegar a acordo com vista à aprovação do Orçamento do Estado para 2011.

Tensões políticas no centro da crise

O «The Wall Street Journal» (WSJ) sublinha que as tensões políticas em Portugal alimentaram as dúvidas sobre as metas de redução do défice do país.

«O ministro das Finanças de Portugal insistiu que o Governo do país endividado levaria por diante os planos para reduzir o défice orçamental, apesar das ameaças da oposição, de que chumbará mais aumentos de impostos», escreve o jornal, acrescentando que «a incerteza acerca da capacidade de Portugal para tomar medidas adicionais de consolidação orçamental está a impulsionar os juros da dívida pública do país, um sinal de que as preocupações dos investidores estão a aumentar».

O jornal junta, no mesmo artigo, o caso da Grécia e ainda o da Irlanda, onde um dos maiores bancos viu o seu rating cortado e onde as estimativas de recapitalização necessária estão a deixar os investidores assustados.

Recurso ao fundo de resgate europeu e FMI cada vez mais provável

Diz o «WSJ» que as situações irlandesa e portuguesa estão a relançar o medo de uma crise do euro e que muitos economistas já não acreditam que a crise possa ser resolvida sem que um ou mais países recorram ao fundo de resgate europeu e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Uma aposta subscrita pelos economistas de renome e antigos políticos europeus, citados esta terça-feira pelo «Financial Times». Jacques Delors e Romano Prodi dizem que Portugal e a Irlanda devem aceder rapidamente ao novo fundo europeu de estabilização financeira.

O fundo, acrescentam, deverá conseguir «conceder empréstimos a taxas de juro reduzidas e ao aliviar o peso dos juros, poderá melhorar significativamente as perspectivas de uma consolidação orçamental bem sucedidas nos países mais endividados». Uma solução que «ajudaria a evitar uma reestruturação de dívida e uma crise de confiança na Zona Euro».

Esperar para ver é «caminho perigoso

«Esperar para ver é um caminho perigoso para a União Europeia. As ameaças contra a estabilidade e a coesão da Zona Euro permanecem elevadas. É preciso agir agora, para reforçar a estabilidade», reforçam os demais autores, como Peter Bofinger (Würzburg University), Henrik Enderlein (Berlin Hertie School of Governance), André Sapir (Université Libre de Bruxelles), Tommaso Padoa-Schioppa (presidente do think-tank Notre Europe), Guy Verhofstadt (antigo primeiro-ministro belga) e Joschka Fischer (ex-ministro alemão dos Negócios Estrangeiros).

E prosseguem: «a melhor solução é a própria Zona Euro financiar estes estados, pedindo reformas duras mas oferecendo-lhes condições de financiamento menos dispendiosas do que as que estão a ser reclamadas pelos mercados».

Apesar de Irlanda, Portugal e Grécia, no seu conjunto, representarem apenas 6% do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro, o «WSJ» sublinha que «a quase bancarrota da Grécia na Primavera mostrou o potencial que até mesmo os países mais pequenos desencadearem o pânico nos mercados financeiros».
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