Dívida pública: BCE dividido entre comprar ou não - TVI

Dívida pública: BCE dividido entre comprar ou não

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Banco Central Europeu compra cada vez menos títulos de dívida. Dentro do conselho de Governadores há quem defenda fim do programa de aquisição de dívida pública porque mercados «estão a melhorar»

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Eis a questão: comprar ou não comprar? O programa de aquisição de dívida pública por parte do Banco Central Europeu tem dividido o conselho de Governadores. Alguns membros exigem o fim da medida, mas há outros que tentam preservá-la.

Certo é que o valor gasto pelo BCE na compra de títulos de dívida tem caído progressivamente: chegou aos 81 milhões de euros na semana passada, quando a primeira compra tinha atingido os 16,5 mil milhões de euros.

A instituição lançou a 10 de Maio o programa Securities Market Programme (SMP), uma iniciativa inédita na história do BCE. A medida avançou numa altura em que a crise das dívidas soberanas atingia o seu pico, com os custos de financiamento e o risco de incumprimento a atingirem níveis muito altos.

O objectivo era ajudar a estabilizar os mercados financeiros, comprando dívida dos países em maiores dificuldades. Mas a medida desde cedo não reuniu consenso entre o próprio conselho de Governadores.

«BCE pode intervir o mínimo, mas continuará alerta»

Alguns economistas não acreditam no final do programa, apesar da redução drástica no volume de compras semanal.

«Não creio que o BCE considere o plano completo, mas antes reduzirá a sua intervenção ao mínimo, ficando com espaço de manobra para intervir novamente se as tensões regressarem aos mercados», afirmou Rui Constantino, economista do Santander Totta, citado pela agência Lusa.

Em sintonia com esta opinião, estão as declarações do economista chefe do Montepio Geral, Rui Serra: a menor compra de dívida não significa necessariamente o final da SMP; pode significar antes «um guardar de munições, caso a guerra recomece».

O Governador do Banco Central da Áustria já veio a público defender isso mesmo. Ewald Nowotny é da opinião de que o BCE deve manter a opção de comprar títulos de dívida soberana em aberto, como medida de segurança.

Dentro do BCE, há quem discorde. Juergen Stark, um dos quatro membros do conselho executivo, defendeu ainda no mês passado que se os mercados continuarem a melhorar, o Banco Central deve terminar o programa.

«Sempre dissemos que esta era uma medida temporária, tal e qual outras medidas não convencionais. Estamos a monitorizar a situação e, se continuar a melhorar, não há razão para continuar com o programa».
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