«El País» nas bancas sem assinatura dos jornalistas - TVI

«El País» nas bancas sem assinatura dos jornalistas

El País - dívida espanhola

Redação e direção do jornal mais importante de Espanha estão em guerra, após decisão de despedir quase 150 funcionários

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O Comité do jornal «El País» denunciou terça-feira à noite as ameaças do diretor Javier Moreno de agir contra quem não assinasse as peças no jornal. Uma pressão que só surtiu efeito nos correspondentes, já que a redações de Madrid e Barcelona quase por completou se negaram a assinar as suas peças na edição desta quarta-feira. Os representantes dos trabalhadores avaliam a possibilidade de denunciar o diretor por coação laboral.

O site «Prnoticias» conta os pormenores da guerra que se instalou entre a redação do «El País» e a direção, menos de 24 horas depois do anúncio oficial do número de despedimentos que afetará o jornal (149 saídas, entre os quais 128 são despedimentos e 21 reformados antecipadamente).

Durante o dia de ontem, foi denunciada ao final da noite as pressões de Moreno para impedir que os seus redatores não assinassem a edição que hoje saiu para as bancas, uma das medidas aprovadas por ampla maioria, uma vez que a empresa não se sentava a negociar. O comité denunciou numa nota que Moreno «ameaçou os redatores com represálias de não os voltar a deixar assinar outras peças e até de dispensar correspondentes».

Não obstante, na edição deste manhã só os correspondentes assinaram as suas peças ¿ e um par de exceções em Madrid e Barcelona. O resto ¿ quase a totalidade das redações em Espanha ¿ optaram por cumprir a decisão do comité da empresa e os seus nomes não apareceram no jornal de hoje em sinal de protesto.

Desta maneira, todas as secções de Política, Nacional, Desporto e Local saíram quase sem assinaturas, um espaço que não é normalmente é ocupado pelas palavras «El País», utilizado para artigos sem autoria, mas não desta vez foi deixado em branco.

O Comité anunciou que está a estudar denunciar Moreno por coação laboral e pediu aos advogados que estudem a pertinência de denunciar este caso. «A atitude da empresa no dia de hoje, personificada no seu diretor, evidenciam a perda acelerada dos valores democráticos desta direção e o interesse nulo em negociar com os representantes dos trabalhadores», pode ler-se no comunicado enviado às redações na noite de ontem.

A redação escreveu ainda uma dura carta a Jose Luis Cebrian, criticando-o pelas suas declarações sobre o perfil do jornalista que o «El País» precisa - o presidente da Prisa disse que o jornal precisava de redatores com menos de 50 anos - e acusa-o de também estar conivente com as pressões relativas às assinaturas dos jornalistas. O comité da redação alega ainda que Cebrian ganhou muito dinheiro com o jornal nos últimos anos e que essa verba seria agora fundamental para reequilibrar as contas do «El País», cuja direção quer agora despedir um em cada três trabalhadores.

Na semana passada, foram conhecidas outras reestruturações no grupo Prisa: um despedimento coletivo no jornal «Cinco Días», «Prisa Revistas» e «Prisa Brand Solutions»: 131 trabalhadores dispensados.
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