Empréstimos dos bancos junto do BCE são quase todos a 3 anos

O Governador do Banco de Portugal disse esta sexta-feira que mais de 90% dos empréstimos que os bancos portugueses contraíram junto do Banco Central Europeu são a três anos, escreve a Lusa.

Carlos Costa deu conta deste número durante a audição desta tarde na comissão parlamentar para o acompanhamento das medidas do programa de assistência financeira a Portugal.

«Temos uma cedência liquidez do BCE acima de 50 mil milhões de euros, com 90% dos empréstimos acima de três anos», disse o Governador.

De acordo com os dados divulgados na segunda-feira pelo Banco de Portugal, o financiamento dos bancos portugueses obtido junto do BCE superou os 56 mil milhões de euros em março, marcando um novo máximo histórico.

Este aumento deveu-se em especial ao acesso dos bancos portugueses às operações de refinanciamento com prazo alargado, sendo que foi precisamente no mês de março que o BCE realizou um segundo leilão para fornecer empréstimos aos bancos europeus com uma maturidade a três anos, onde acabou por ceder 529,5 mil milhões de euros.

Apesar deste máximo, Carlos Costa disse que o sistema bancário português tem hoje «uma quota parte da cedência de liquidez menor» no financiamento do BCE do que noutras alturas, uma vez que aumentou o recurso dos bancos alemães, italianos e espanhóis à instituição liderada por Mario Draghi.

O Governador afirmou ainda que a liquidez que os bancos portugueses foram buscar ao BCE serve sobretudo para «reembolso de financiamentos externos» e para «aquisição de obrigações do tesouro», enquanto os «depósitos no BCE só marginalmente têm interesse para os bancos» nacionais devido às baixas taxas de juro oferecidas.