Filipe Pinhal: manipulação de mercado no BCP «é um absurdo» - TVI

Filipe Pinhal: manipulação de mercado no BCP «é um absurdo»

Millennium bcp

Ex-administrador diz que,a ser verdade, teriam de estar envolvidos mais de cem funcionários do banco

O ex-administrador do BCP Filipe Pinhal disse esta quinta-feira em Tribunal que o alegado plano dos quatro arguidos para manipular o mercado «é um absurdo» porque seria impossível à administração impor ordens que mobilizariam mais de 100 funcionários.

Filipe Pinhal, que está a ser julgado juntamente com Jorge Jardim Gonçalves, Christopher de Beck e António Rodrigues pelos crimes de manipulação de mercado e falsificação de documentos entre 2002 e 2007, garantiu que, mesmo com outros administradores, não seria possível impor a criação de offshore com a intenção de valorizar os títulos do BCP e obter mais valias de forma ilegal, prejudicando o banco, porque «para levar a cabo este plano teriam de se mobilizar mais de 100 colaboradores do BCP», cita a Lusa.

O ex-administrador adiantou também que, pelos factos que são acusados, decorridos ao longo de dez anos, o alegado plano não seria exequível porque «muitas mudanças na estrutura do BCP e na própria administração» e para «instrumentalizar ordens em determinado sentido, estariam envolvidas mais de 300 pessoas».

E para exemplificar isso, Filipe Pinhal alertou para o facto de nenhuma testemunha em anteriores julgamentos ter dito que «recebeu ordens dos arguidos nesse sentido».

Em sua defesa, o antigo administrador do BCP sublinhou que o banco «não tinha marionetas» e era «constituído pelos banqueiros mais prestigiados do país».

Para Filipe Pinhal, os únicos crimes cometidos no meio deste processo foram o «roubo de documentos do banco, quebra de sigilo bancário e uma tomada do BCP», numa indireta à atuação do empresário Joe Berardo que tudo desencadeou quando entregou documentos à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e ao Banco de Portugal (BdP).

Relativamente à acusação do Ministério Público, o ex-administrador referiu que «calçou os sapatos que a CMVM e o BdP entregaram» num processo que «está inquinado» desde o início.

«A partir do momento em que alguém [a CMVM] determina que os arguidos estavam mancomunados para prejudicar o banco, tudo quanto está para diante está inquinado por este pressuposto», frisou.

Atacando o regulador do mercado de capitais, Filipe Pinhal acrescentou que «só por ignorância ou má fé da CMVM é que se fazem perguntas sobre a venda de ações em alta e compra de ações em baixa».

Em relação à alegada intenção dos quatro arguidos esconderem as 17 offshore em que não se conheciam os últimos beneficiários, Filipe Pinhal respondeu em tom irónico: «António Rodrigues queria esconder uma coisa e a melhor maneira foi perguntar aos serviços de quem eram os UBO (donos) destas 17 sociedades offshore. Não faz sentido».

Rogério Alves, advogado de António Rodrigues, disse recentemente que a estratégia da defesa é afirmar perante o tribunal que os quatro arguidos não tinham, à data, conhecimento das 17 offshore e que nunca conheceram os últimos beneficiários «por ser a realidade».
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