«Governo não diz que não se pode alterar uma vírgula ao OE» - TVI

«Governo não diz que não se pode alterar uma vírgula ao OE»

Parlamento tem sempre poder de «propor alterações». Executivo «não está para cair», diz Passos, que admite ainda que negociações com troika não foram fáceis

O primeiro-ministro espera que o Orçamento do Estado para 2013 seja aprovado na Assembleia da República. Sobre a falta de margem de manobra evocada pelo ministro das finanças quanto a alterações ao documento, Passos Coelho frisa que o Governo não disse que não pode ser alterada uma vírgula ao Orçamento.

«Um parlamento tem sempre todos os poderes. Tem o poder de propor alterações, tem o poder de derrubar um governo até. Nenhuma das duas circunstâncias deve ser dramatizada: nem o Governo está para cair, e espero bem que essa discussão deixe de ocupar tanto tempo da nossa política interna, nem o Governo diz que não pode alterar uma vírgula àquele Orçamento», disse aos jornalistas, à margem do Conselho do Partido Popular Europeu (PPE), que decorre esta quinta-feira em Bucareste.

«O que ministro de Estado e das finanças disse, e eu repito, é que a nossa margem de manobra é muito estreita dado que as negociações com os nossos credores não são fáceis, ao contrário do que muitas vezes se tentou fazer crer».

Passos explicou que o facto de,«até hoje, negociações com troika terem decorrido de forma muito bem sucedida e terem acabado sempre com avaliação positiva, não quer dizer que sejam fáceis».

O primeiro-ministro confessou que « esta última foi particularmente difícil, até porque nos obtivemos alguns resultados que surpreenderam a troika e surpreenderam o Governo quanto à forma como o processo de ajustamento decorreu».

Ainda assim, e porque no entender do chefe de Governo, «os resultados que obtivemos estão no sentido certo e não no errado, foi possível encontrar uma forma de ajustar o processo de ajustamento orçamental», com a suavização das metas do défice e com a promessa de, até 2014, efetuar cortes na despesa pública «de mais de 4 mil milhões de euros».

Certo é que o Orçamento que o Governo apresentou no Parlamento «é o resultado material da conversação e da negociação que tivemos com a troika durante o quinto exame regular e, nessa medida, é um instrumento indispensável para continuar cumprir objectivos do memorando» e continuar a ter «um desempenho positivo e favorável».

Daí que, «sendo um documento essencial que reflete essa negociação, evidentemente que só posso esperar que tenha a aprovação do Parlamento».

Por esse motivo, «o que é verdadeiramente importante e decorre das negociações não pode sequer ser alterado», concluiu.

Sobre o estado da coligação com o CDS-PP e o comunicado hoje emitido por Paulo Portas, Passos Coelho disse que não ia fazer comentários sobre a política interna.

Declarou apenas que é «primeiro-ministro e isso impõe-me uma relação com todos os ministros muito próxima. Como chefe de Governo, não sou líder partidário».

Já no seu discurso durante o Conselho do PPE, Passos Coelho disse que «o jogo ainda não acabou» e que «há muito para fazer até às próximas eleições».
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