Investimento de 500 milhões da Endesa no Mondego ameaçado - TVI

Investimento de 500 milhões da Endesa no Mondego ameaçado

Barragem - NUNO VEIGA/LUSA

«Quando me põem uma situação não negociada, de ato unilateral em termos de suspensão das garantias de potência, tira-me toda a confiança», justifica o presidente da Endesa Portugal

Relacionados
O investimento de 500 milhões de euros em duas barragens no rio Mondego por parte da Endesa está ameaçado. A empresa vai rever esse projeto devido «à instabilidade regulatória e de palavra».

«Quando me põem uma situação não negociada, de ato unilateral em termos de suspensão das garantias de potência, tira-me toda a confiança para investir mais de 500 milhões de euros em barragens», disse à Lusa o presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva.

O antigo secretário de Estado da Energia, do Governo de Cavaco Silva, adiantou que «a instabilidade regulatória e de palavra nas negociações com o Ministério da Economia vai ter efeitos negativos no investimento a realizar».

«Como é que garanto ao meu acionista que é para valer [a regulação existente]», questionou Ribeiro da Silva.

A Endesa, elétrica espanhola, subsidiária da italiana ENEL, tem previsto um investimento de cerca de 500 milhões de euros nos aproveitamentos hidroelétricos de Girabolhos e da Bogueira, que estão em trabalhos preliminares, com a expropriação dos terrenos e seleção dos consórcios para a construção a decorrer, estando previsto o arranque das obras ainda para este ano e o início da atividade em 2017.

A Endesa anunciou esta quarta-feira que vai parar a central de ciclo combinado do Pego, enquanto vigorar a suspensão da garantia de potência, cumprindo a ameaça feita quando o Governo começou a pôr em causa os incentivos à disponibilidade das centrais térmicas.

«Vamos hibernar a central e por tempo indeterminado, porque não sabemos quanto tempo dura esta medida», afirmou Nuno Ribeiro da Silva, acusando o Governo de «má-fé e incumprimento das negociações».

O gestor reconheceu que esta decisão limita a ação comercial da Endesa no setor elétrico e impede a empresa de competir no setor do gás, além de colocar problemas ao país em caso de seca prolongada e de falta de vento, como aconteceu no primeiro trimestre do ano.

O Executivo revogou a garantia de potência, renda anual que o sistema elétrico paga aos produtores para compensar os dias em que as centrais térmicas estão paradas e de sobreaviso, decidida pelo Executivo de Sócrates em agosto de 2010, que voltará a ser reposta «a partir do final do Programa de Assistência Financeira até ao final da vida útil de cada centro eletroprodutor».

No caso da Endesa, está em causa o pagamento anual de 16 milhões de euros, por a central do Pego, em Santarém, um investimento de 580 milhões de euros, estar disponível mais de 90 por cento do tempo nos períodos tarifários de ponta, que «em janeiro e fevereiro, teve uma utilização superior a 50%», de acordo com Nuno Ribeiro da Silva.
Continue a ler esta notícia

Relacionados