Lucro da Inapa encolhe 33%

O lucro da Inapa derrapou 33,1 por cento entre Janeiro e Junho deste ano. A empresa apresentou esta quinta-feira resultados de 1,1 milhões de euros.

«A redução de 33% verificada reflecte o acréscimo significativo dos custos financeiros de 1,5 milhões de euros», justifica a empresa, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No primeiro semestre de 2010, a Inapa tinha registado um lucro de 1,7 milhões de euros.

O presidente da Inapa considera que os resultados da empresa no semestre foram positivos, apesar da quebra do lucro, devido à actual conjuntura económica, e antecipou uma melhoria das condições do mercado na segunda metade do ano.

«Apesar do contexto difícil, com o estreitamento do mercado e a queda da margem, conseguimos manter o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) estável graças à política de gestão de custos e foi possível manter a dívida ao nível do ano passado, pelo que os resultados são positivos», disse à agência Lusa José Félix Morgado.

«A descida do lucro foi causada pelo aumento dos custos financeiros, de 1,5 milhões de euros. As taxas Euribor dispararam e praticamente duplicaram face ao final do primeiro semestre do ano passado. Com o aumento das Euribor e dos spreads, as condições foram mais gravosas, mas dentro das variáveis que estão nas mãos da gestão o trabalho foi bem feito».

Sobre o futuro, e antecipando os próximos seis meses, José Félix Morgado disse que tem «uma perspectiva prudente, mas com alguns indícios positivos, pelo que é expectável a recuperação de alguma da rentabilidade perdida no primeiro semestre graças à melhoria das condições do mercado».

Voltando às contas da primeira metade de 2011, as vendas consolidadas da empresa cresceram 7,8% face ao mesmo periodo de 2010, atingindo os 507,5 milhões de euros.

Já os resultados operacionais cresceram 2,6% para 12,8 milhões de euros, com a margem bruta a cair 0,9 pontos percentuais para 17,6%.

O EBITDA recorrente ascendeu então a 16,1 milhões de euros, em linha com os primeiros seis meses de 2010.

Nota para os negócios complementares da empresa (embalagem e comunicação visual) que pesam já 8,5% das vendas (7,8% em 2010), atingindo os 43,4 milhões de euros.

Mais de 90% do negócio da Inapa é feito no estrangeiro, com a Alemanha à cabeça, seguida pela França, Suíça e Espanha. Fora da Europa, a empresa portuguesa está também presente em Angola.

Entretanto, a Inapa anunciou também hoje que o BCP e a Caixa BI são as entidades escolhidas para conduzir o aumento de capital da empresa.

Esta operação destina-se «integralmente a reduzir a dívida», que se cifrava no final do primeiro semestre nos 435,1 milhões de euros, garantiu o presidente, que está convencido que «os accionistas, senão na sua totalidade, mas na grande maioria, vão acompanhar o reforço de capital».

Félix Morgado disse ainda que a provável saída da Parpública do leque de accionistas da Inapa, no âmbito da política de privatizações definida pelo Governo, não deverá mexer com a estabilidade accionista da empresa.

«A Inapa é uma sociedade cotada e accionistas entram e saem todos os dias. O nosso trabalho é gerar valor para os accionistas, comprar ou vender [ações] é com os accionistas», disse o responsável, depois de questionado sobre se tinha alguma indicação da Parpública sobre a venda da sua posição de 33,3% na empresa.