Montepio duvida que bancos voltem aos mercados em 2013

O presidente do Montepio duvida da capacidade de os bancos portugueses se voltarem a financiar no mercado interbancário a partir de 2013, data que está prevista no acordo assinado entre o Governo e a troika.

«Não vejo como é que isto pode ser flexibilizado [as condições impostas pelas autoridades internacionais à banca portuguesa no âmbito da ajuda financeira]. Temos é que ir aos mercados, mas tenho dúvidas que isso ocorra dentro dos prazos estipulados», disse esta quarta-feira António Tomás Correia,, durante a apresentação dos resultados de 2011, em Lisboa.

« Não vale a pena iludirmo-nos. O sistema financeiro está numa situação complicada. O Montepio começou a fazer o ajustamento em 2008 que se veio a mostrar necessário em 2011, mas o resto do setor tem pela frente um quadro de grande exigência».

Isto,porque ao mesmo tempo que o mercado de financiamento está fechado para os bancos portugueses, estes têm que reduzir a sua exposição ao crédito do Banco Central Europeu (BCE) e aumentar o financiamento à economia.

Questionado sobre se o Montepio tem em carteira de dívida soberana grega, Tomás Correia revelou que o banco mutualista «tem uma pequena parcela de dívida grega, mas que está totalmente coberta» por provisões. Refira-se que houve um aumento de 15 milhões de euros das provisões líquidas para imparidades, que ascendiam a 170 milhões de euros no final do ano passado.

Banco de Portugal «precisa de ir mais longe

Tomás Correia defendeu ainda que o Banco de Portugal deve tomar novas iniciativas para limitar o aumento das taxas de juro oferecidas pelos bancos para a captação de depósitos.

«O Banco de Portugal tomou medidas para limitar a subida das taxas mas, do meu ponto de vista, precisa de ir mais longe», considerou o responsável, sem querer adiantar quais as medidas adicionais que, a seu ver, o supervisor devia mudar.

«Há concorrência pela captação de depósitos que conduz à prática de preços acima do que seria preferível».

No Montepio, os depósitos totais de clientes cresceram 12,7 por cento em 2011 face ao ano anterior, para um total de 13.609 milhões de euros.

Paralelamente, os rácios de crédito vencido aumentaram no ano passado, «evidenciando as dificuldades resultantes da crise». O rácio de crédito vencido a mais de 90 dias atingiu 3,99%, tendo o Montepio uma cobertura do crédito vencido por provisões e imparidades de 111,04%.