Portugal pode entrar em recessão - TVI

Portugal pode entrar em recessão

Sócrates desiludido em noite de Presidenciais

Consultora Ernst & Young prevê que sim. Razões: desemprego, baixa confiança de consumidores e empresas e medidas de austeridade

Relacionados
O Governo acaba de apresentar medidas de austeridade ainda mais duras para equilibrar as contas públicas, num momento em que a consultora Ernst & Young prevê que a economia portuguesa volte à recessão na segunda metade deste ano.

Porquê? A explicação está no elevado desemprego, baixa confiança dos consumidores e das empresas e também no forte pacote de aperto fiscal.

No entanto, a conclusão da Ernst & Young não tem ainda em consideração as novas (e ainda mais duras) medidas anunciadas ontem pelo Governo: entre elas, está o aumento do IVA de 21 para 23% e uma redução da massa salarial da função pública em 5%.

«As tendências preocupantes nos últimos meses - tais como o alto desemprego, a baixa confiança dos consumidores e das empresas e a decisão de tomar fortes medidas de austeridade fiscal - significam que a economia [portuguesa] deverá cair outra vez na recessão na segunda metade do ano», indica a consultora nas suas previsões de Outono para a Zona Euro, nomeadamente na parte que diz respeito apenas a Portugal.

A Ernst&Young sublinha, ainda assim, que o PIB cresceu 0,3% no segundo trimestre do ano face ao trimestre anterior, «um resultado muito mais forte do que o esperado». Todos os indicadores do PIB cresceram, à excepção do investimento.

O crescimento económico abrandou, depois da subida de 1,1% nos três primeiros meses do ano. «Apesar da desaceleração do crescimento face ao primeiro trimestre, este é um resultado positivo», diz a consultora, citada pela agência Lusa. A sua previsão era «que a economia se contraísse no segundo trimestre».

Ainda assim, globalmente a previsão de crescimento do PIB para este ano, indica a consultora, «é de apenas 0,7 %», estando prevista uma quebra de 0,7% em 2011.

Escalada no consumo surpreende

O que a Ernst & Young não estava à espera foi do crescimento verificado no consumo. Entre Abril e Junho «aumentou 0,4%» face aos três meses anteriores, um resultado «surpreendente, em especial porque os indicadores económicos mensais como as vendas a retalho, o desemprego e as pesquisas indicavam o contrário».

Mesmo assim, a previsão para o consumo «permanece frágil». A consultora aponta para «uma quebra trimestral acima de 1% no que resta do ano».

O consumo deverá crescer 0,8% em todo o ano de 2010 (sobretudo devido ao forte primeiro semestre) e cair 1,7% em 2011.

O défice comercial, regista a Ernst&Young, agravou-se para 4,5 mil milhões de euros no segundo trimestre (cerca de 10 por cento do PIB), face aos 4 mil milhões no mesmo período do ano anterior.

Banca com bom desempenho

As melhores notícias surgem do sector bancário português que «está em melhor forma que o da Grécia, Irlanda ou Espanha», já que «não passou por uma bolha imobiliária».

No entanto, «o sector bancário enfrenta sérios riscos caso o Governo não consiga reduzir o défice orçamental e as taxas de juro subam de forma abrupta».
Continue a ler esta notícia

Relacionados