O presidente do Montepio Geral considera que privatizar a Caixa Geral de Depósitos seria um erro e que o banco público é um importante instrumento de regulação do mercado que deve servir para apoiar a economia.
«Não concordo com privatização da Caixa. Entendo que deve ser pública, detida totalmente pelo Estado e que deve ajustar a sua estratégia no sentido de apoiar o desenvolvimento da economia», disse Tomás Correia, em entrevista à Lusa.
Além de afirmar que a CGD deve ser «um grande instrumento de apoio à economia», o presidente do Montepio defende ainda que o Estado deve utilizar o banco público para promover boas práticas.
«Numa altura em que escasseiam os instrumentos de regulação de mercado, a Caixa pode desempenhar um grande papel nessa matéria», considerou.
Banco assume perdas de 250 milhões por incumprimentos com créditos
O responsável adiantou ainda que o banco vai ter que assumir perdas de 250 milhões de euros este ano devido a incumprimentos com créditos à habitação e construção, terminando o ano com prejuízos históricos.
«Temos vindo a fazer face a provisões crescentes em virtude da crise. Mas enquanto nos outros anos foi possível conter o nível de provisionamento e ter resultados positivos, ainda que ligeiros, este ano temos um reforço de provisões muito intenso», disse Tomás Correia.
O responsável garantiu que este ano «foi absolutamente extraordinário» no que diz respeito à dimensão das perdas assumidas pelo banco com os problemas na carteira de crédito, mas antevê reconhecimento de novas imparidades em 2014.
O Montepio Geral foi obrigado pelo Banco de Portugal a assumir a título preventivo nas contas de setembro um custo de 125 milhões de euros, enquanto decorria uma auditoria independente ao modelo utilizado pela instituição para avaliar imparidades, e já então alertava que este valor podia crescer.
Além do aumento das imparidades, este ano a Caixa Económica Montepio Geral (o vulgarmente chamado banco Montepio) fez também vários aumentos de capital, que superaram os 400 milhões de euros: 205 milhões de euros através da Associação Mutualista, a ¿dona¿ do banco, e 200 milhões de euros através da recente emissão de unidades de participação.
Para Tomás Correia, que é desde 2008 presidente do banco, este aumento de capital não demonstra qualquer fragilidade, pelo contrário
Depois dos prejuízos históricos que se antevêm em 2013, o responsável garante que 2014 será um ano de regresso aos lucros, apesar de o provisionamento para fazer face a perdas ainda dever aumentar.
«Temos expectativas de ter um ano muito bom», adiantou, afirmando que o Plano de Financiamento e Capitalização discutido com o Banco de Portugal e com a troika prevê que em 2014 o produto bancário do Montepio ascenda a 675 milhões de euros.
Presidente do Montepio contra privatização da CGD
- tvi24
- DC
- 23 dez 2013, 08:26
Tomás Correia fala também da situação do banco e espera que 2014 seja ano de regresso aos lucros
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