Relvas: há espaço para mais um canal privado

Miguel Relvas garantiu esta segunda-feira que a privatização de um dos canais públicos é irreversível. O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares reafirmou que «o Estado gasta muito dinheiro na RTP» e que, num altura de austeridade, é incomportável continuar a gastar 550 milhões de euros por ano com os dois canais públicos.

«Todos temos que nos adaptar às circunstâncias e o serviço público exige um investimento muito alto. Vamos alienar um canal porque precisamos dessa receita», referiu, adiantando haver espaço para mais um canal privado: «Se todos seguirem o exemplo de gestão da RTP, há espaço para mais um canal privado.»

Miguel Relvas falou à entrada do Coliseu do Porto, onde foi convidado de honra dos prémios Dragões de Ouro, e sublinhou que a intenção do Governo passa por manter um canal público forte. «Estamos fazer um trabalho para ter uma televisão que vai reforçar o sentido de serviço público, que vai sair fortalecida e mais preparada para o futuro.»

Pelo caminho não desmentiu que o despedimento de 300 funcionários. «Vamos iniciar um processo de rescisões de acordo com a lei. A RTP tem 2200 funcionários, o salário médio bruto é de 40 mil euros e é um sacrifício muito grande que pedimos aos portugueses. Quem governa tem de ser muito rigoroso com o dinheiro dos contribuintes».

«A RTP este ano vai custar ao erário público mais de 550 milhões de euros entre conta corrente e pagamento de dívida. A sustentabilidade valoriza a marca. A RTP tem um ano para preparar a alienação de um dos canais públicos. Este plano de sustentabilidade é um bom plano, acredito que terá sucesso e que vamos ter um bom serviço público.»

Canal público vai manter publicidade

Esta segunda-feira, Guilherme Costa, presidente da estação, garantiu que o canal que se mantiver na estação pública vai continuar a ter publicidade, à semelhança da RTP1, no entanto, com «receitas comerciais num montante inferior ao que beneficia agora».

Vêm aí 300 rescisões

O presidente da RTP confirmou ainda, numa conferência que decorreu em Lisboa, que a empresa vai avançar até meados de Novembro com um novo plano de rescisões voluntárias e que tem provisões suficientes para rescindir com 300 trabalhadores.

Durante a conferência de imprensa de apresentação do plano estratégico de redução de custos, Guilherme Costa afirmou que há disponibilidade para aceitar uma nova vaga de saídas voluntárias da estação pública de televisão, para a qual existem verbas disponíveis para 300 trabalhadores.

Verbas cortadas pela metade

Guilherme Costa, afirmou já que a aplicação do plano implica uma redução de metade do valor que o Estado transfere para 150 milhões de euros por ano.

«O que se pretende agora é a obrigação da RTP dar lucro todos os anos e receber 150 milhões de euros».