RTP lucra 41 milhões em 2012 devido a itens extraordinários - TVI

RTP lucra 41 milhões em 2012 devido a itens extraordinários

Alberto da Ponte

Comissão de Trabalhadores diz que já não se justifica cortar pessoal

A RTP registou lucros de cerca de 41 milhões de euros em 2012, avança o «Diário Económico».

De acordo com o jornal, o valor representa um subida face aos 18,9 milhões registados em 2011 e deve-se ao não pagamento dos dois subsídios aos funcionários, que permitiu poupar 11 milhões de euros, e a um benefício de 38 milhões de euros com uma operação financeira.

Os resultados operacionais foram positivos em cerca de 10 milhões de euros, com a indemnização compensatória paga pelo Estado a ultrapassar, em termos líquidos, os 73 milhões.

Este ano, no entanto, essa indemnização não irá ultrapassar os 42,3 milhões e a partir do ano que vem deixará mesmo de existir, passando a RTP a receber apenas a Contribuição Audiovisual (cerca de 140 milhões de euros por ano), que se somará às receitas comerciais.

A RTP tem este ano em curso um programa de rescisões amigáveis, tendo já recebido até agora 240 pedidos de informações. No entanto, ainda não está afastado o cenário de um despedimento coletivo, caso a adesão ao programa das saídas voluntárias não seja suficiente.

Para a Comissão de Trabalhadores, com os lucros registados em 2012, deixou de haver razões para invocar qualquer despedimento coletivo na empresa.

«Há aqui grandes dúvidas, mas há uma coisa que podemos tirar já de imediato: um despedimento coletivo precisa de uma situação financeira frágil para o sustentar. Por isso, a partir de agora, deixou de existir essa pressão», afirmou, em declarações à agência Lusa Camilo Azevedo, da Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP.

Face a estas contas, o representante dos trabalhadores sublinhou que «a massa salarial da empresa não corresponde aos 40 milhões. Os dois meses [subsídio de férias e subsídio de Natal, que não foram pagos em 2012] correspondem a muito menos».

Segundo adiantou, os membros da CT da RTP ficaram «surpreendidos» com os números hoje conhecidos, porque durante o ano foram «confrontados com várias notícias» que davam conta do contrário.

Além disso, lembrou que «há mecanismos de gestão para se saber o que acontece ao longo do ano e não se aparecer agora, tirado da cartola, com estes milhões todos» e avançou com várias questões que defende deverem ser respondidas.

«A empresa ia pedir um empréstimo para financiar as rescisões. Como é que uma administração agora aparece com lucros, dizendo durante o ano que não existe dinheiro para as rescisões? Qual a razão para o canal 2 ter estado à mingua de financiamento para ter programação, e está com aquelas audiências irrelevantes?», questionou.

Camilo Azevedo afirmou ainda que os números hoje conhecidos «tiram sustentabilidade ao plano de reestruturação que foi entregue [ao Governo] no fim do ano e que foi apresentado pelo ex-ministro [responsável pela pasta da Comunicação Social] Miguel Relvas».

«Isto tudo, neste momento, tem de começar do zero. O senhor ministro tem que tomar conta disto e começar o processo do zero, porque isto, neste momento, não tem sustentabilidade», defendeu.
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