Fundos de pelo menos 350 milhões de dólares (258 milhões de euros), domiciliados na sucursal do Santander Totta, no Luxemburgo, circularam nos últimos anos pelas praças financeiras do grão-ducado, de Londres e das ilhas Caimão.
Segundo o jornal «Público», as operações permitiam aumentar os custos à casa-mãe e reduzir os impostos a pagar.
A denúncia feita por ex-quadros do Santander chegou a tribunal em Maio, a propósito de um diferendo laboral com o banco, e revelou que o Totta usaria veículos (denominados Ptif e Taf) para fazer planeamento fiscal.
Tanto Isabel Ramos de Almeida, ex-directora do Santander, como Jorge Dias, chefe da sucursal do banco no Luxemburgo, acusam a instituição bancária de que os fundos domiciliados no grão-ducado era investidos em condições anormais.
Jorge Dias sublinha mesmo que nunca passou as declarações fiscais dos rendimentos dessas aplicações, porque a administração do banco, que geria os activos, apesar dos múltiplos pedidos, nunca o informou sobre quem eram os beneficiários económicos últimos.
Fonte oficial do banco, em resposta à notícia publicada esta quinta-feira no jornal «Público», frisa que as «acusações não são correctas e derivam de interpretações de depoimentos relativos a um processo de despedimento litigioso de um ex-funcionário da extinta sucursal do Luxemburgo».
Segundo o comunicado, o Ptif e Taf (os veículos usados nestas operações) «foram constituídos pelo Banco Totta & Açores e pelo Banco Pinto & Sotto Mayor» e são «instrumentos totalmente legais, transparentes, criados tendo em vista emissões de títulos que são adquiridos por investidores institucionais não residentes, cujo produto se destina a ser aplicado no banco, reforçando, por consequência, os seus fundos próprios e solidez financeira».
Ou seja, para o Santander Totta, estas sociadades são «instrumentos equivalentes a dívida subordinada em termos de regime fiscal, com o atributo de contarem para os rácios de capital e de proporcionarem funding aos bancos e, por isso, usados correntemente».
Ao «Público», o ex-director-geral do balcão do Santander Totta no grão-ducado reconheceu que os 350 milhões de dólares têm sido triangulados entre praças financeiras em condições comerciais «desajustadas da realidade do mercado» interbancário, operações que permitiriam aumentar custos em Portugal - e pagar menos impostos sobre a matéria colectável -, obtendo ao mesmo tempo proveitos mais elevados nas ilhas Caimão, livres de taxas.
Sobre a sucursal no Luxemburgo, e entretanto «extinta», «os seus resultados eram incorporados no banco em Portugal para efeitos fiscais», garantiu o Totta em comunicado, em resposta à fuga de impostos.
E sobre as operações, o banco não tem dúvidas de que se tratam de «emissões correntes em mercados internacionais feitas em jurisdições adequadas e dirigidas a investidores institucionais, que permitem o financiamento dos bancos com toda a transparência e legalidade».
Santander nega fuga aos impostos
- Redação
- JF
- 17 fev 2011, 14:32
Banco garante que operações no Luxemburgo são legais, desmentindo acusações de ex-quadros ao jornal «Público»
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