TAP admite «grandes dificuldades» em cortar salários - TVI

TAP admite «grandes dificuldades» em cortar salários

Fernando Pinto, foto Lusa

Companhia aérea optou por não reduzir custos com número de rotas, porque isso ditaria «a morte» da empresa

[Notícia actualizada às 19h30]

«É preciso ser muito criativo» para efectuar cortes nos salários da TAP e em combustível, conforme prevê o Orçamento do Estado para o próximo ano no que toca às empresas públicas. Quem o reconhece é próprio presidente da companhia aérea, ao dizer ainda que tem tido «grandes dificuldades com os sindicatos».

«A forma como se atingiu eficiência foi também à custa de salário e à custa de gerir a empresa como uma empresa privada».

Fernando Pinto está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações e disse que a TAP vai entregar o plano de redução de custos que todas as empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) têm de entregar ao Governo até ao final desta terça-feira.

«Dos 300 milhões [de cortes] necessários, estamos apresentando um programa de três anos para reduzir 180 milhões» de euros de custos, afirmou, citado pela Lusa, em resposta ao deputado do CDS-PP Hélder Amaral.

Fernando Pinto disse que este programa integra «perto de 200 iniciativas internas». Mas reconheceu que numa empresa onde 30% dos custos são com combustível e 20% com pessoal, «é preciso ser muito criativo para fazer reduções».

TAP não mexe nos custos com rotas

A companhia aérea optou por não cortar custos através da redução do número rotas, porque esta opção «levaria à morte da empresa».

Sobre a redução do número de administradores, o presidente executivo da TAP disse que «terá de ser feita em comum acordo com as duas tutelas [Ministérios das Obras Públicas e das Finanças]» da empresa.

Com os planos de redução de custos apresentados pelas empresas do SEE, o Governo pretende reduzir, em termos globais, 15% nos custos operacionais destas companhias, o que poderá representar uma poupança anual de 1,6 mil milhões euros.

«Chegou a hora da privatização»

Fernando Pinto disse ainda que chegou o momento de avançar com a privatização da empresa, porque a TAP «precisa de capital».

«Privatização, sim, em breve porque o momento é bom para isso. O histórico de resultados da empresa, relativo a 2008, é muito bom», disse, desta vez citado pela TSF.

Querendo, por um lado, sublinhar que «a posição estratégica da empresa é muito forte», Fernando Pinto reconheceu, por outro, que «nas condições actuais, só a privatização permite recapitalizar e valorizar a companhia aérea».

Sobre o modelo de privatização, a venda «de 100 por cento [da TAP] pode até ser possível desde que se mantenha um nível de controlo» da empresa, defendeu Fernando Pinto.

O presidente executivo da TAP, que afirmou que existem várias possibilidade para realizar a operação, salientou também a importância de «ver se a venda de 49 por cento é atractiva».

Fecho de Faro fora do plano de venda da Groundforce

Já sobre o encerramento da base de Groundforce de Faro,que terá como consequência o despedimento de cerca de 300 trabalhadores, Fernando Pinto disse que este não faz parte do plano de possível venda da empresa de assistência em terra aos aviões.

«O fecho de Faro não está a acontecer por causa de uma possível venda [da Groundforce]. Faz parte de um plano que foi apresentado aos sindicatos», explicou presidente da TAP no Parlamento.

O encerramento destina-se a «permitir que a empresa sobreviva e tenha a licença do INAC [Instituto Nacional de Aviação Civil] válida, porque se não tiver não pode participar da próxima distribuição de licenças» daquele instituto, explicou.

Fernando Pinto disse ainda que «os dois maiores interessados» na compra da Groundforce «não queriam a operação de Faro».

Durante a audição, o presidente da TAP disse várias vezes que não se pode envolver na gestão da Groundforce e que a decisão de encerrar a base de Faro foi uma responsabilidade do conselho de administração da empresa de assistência em terra. Mas admitiu: «Todos falharam (...) Eu falhei».
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