TAP: despedimentos na Groundforce «essenciais» para viabilizar empresa - TVI

TAP: despedimentos na Groundforce «essenciais» para viabilizar empresa

Suspensão da operação no aeroporto de Faro é essencial para proteger restantes dois mil empregos, garante administrador

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O administrador-delegado da Groundforce, Fernando Melo, confirmou esta quarta-feira que a empresa de handling (apoio de terra e bagagens) da TAP vai encerrar as operações no aeroporto de Faro, como a TVI tinha avançado, deixando 336 trabalhadores sem emprego.

Para Fernando Melo, a «suspensão da operação da Groundforce no aeroporto de Faro é essencial para viabilizar a empresa e proteger os restantes 2 mil postos de trabalho».

«Estávamos a adiar esta decisão há dois anos, mas não há alternativa, tem de ser tomada», afirmou o responsável numa conferência de imprensa em Lisboa, adiantando que a situação é «muito penosa para todos» e que a medida é «dura e difícil».

«O dia de hoje e o de amanhã e os dias a seguir não serão fáceis para mim. É a pior decisão por que já passei», garantiu.

«Fomos notificados pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) para apresentar um plano de viabilização da empresa. Daqui a um ano é altura de o INAC atribuir licenças de handling e, sem que a empresa seja sustentável, à luz da lei comunitária, não poderá ser-nos atribuída licença», explicou.

«Temos três voos por dia em Faro 336 pessoas para os operar, quando bastavam 30», referiu, acrescentando que 79% dos custos da empresa dizem respeito a custos com pessoal.

A empresa registou prejuízos de 38 milhões em 2008, 28 milhões em 2009 e este ano, depois de ter perdido 12 milhões no primeiro semestre, deverá fechar o ano com perdas totais de 20 milhões. A operação de Faro, onde a empresa factura 5 milhões de euros por ano e tem custos de 13 milhões, é responsável por metade destes prejuízos.

Ou seja, a suspensão da actividade em Faro resolve metade do problema. Os outros 50% são para resolver com maior receita através do aumento dos preços cobrados aos clientes, da melhoria na qualidade do serviço e através da renegociação do Acordo Empresa com os restantes trabalhadores. A Groundforce quer acabar com algumas condições, que considera inadequadas na actual situação da empresa.

«Só com o plano de carreiras, os salários dos trabalhadores sobem, em média 5% ao ano», exemplificou. O salário médio dos trabalhadores da Grounforce com 10 anos de casa está acima dos 2 mil euros, quer no check-in quer na placa (malas), de acordo com dados da empresa fornecidos à AF.

Outro dos problemas a resolver é o elevado absentismo, que ronda os 20 dias por trabalhador. «Isso obriga-nos a ter 200 pessoas a mais do que seria necessário sem absentismo», explicou o administrador-delegado à Agência Financeira à margem da conferência.

O responsável deixou claro que, se não se chegar a consenso quanto a um novo Acordo Empresa, «isso trará sérias complicações à organização, porque nunca será atingido o break-even e será muito difícil à empresa reequilibrar-se e obter nova licença para operar. Ainda que não tenha querido afirmar se as negociações com os sindicatos, em curso há mais de dois anos, estão agora bem encaminhadas, Fernando Melo garantiu que «se não acreditasse nisso, não estaria aqui».

«Não queremos reduzir o salário dos trabalhadores, queremos é ser mais produtivos», disse. Um trabalhador que comece a trabalhar às 6:30 da manhã no aeroporto de Lisboa, tem de ir tomar o pequeno-almoço às 7. Essa meia-hora custa 2 milhões de euros por ano, tanto como o aumento anual dos custos salariais com o plano de carreiras», explicou. «Nos últimos quatro anos, de 2005 para 2010, os custos com salários aumentaram 40%, são mais 8 milhões de euros.

Recorde-se que a comissão parlamentar de Obras Públicas aprovou a audição «urgente» a Fernando Pinto - pedida pelo CDS-PP - para discutir o modelo de negócio e o futuro da transportadora área. O presidente da TAP vai ao Parlamento no próximo dia 30.

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