TDT: SIC e TVI apresentaram propostas em abril - TVI

TDT: SIC e TVI apresentaram propostas em abril

Francisco Balsemão

Ideia era modelo de dois canais gratuitos na televisão digital terrestre, em troca da RTP1 ficar sem publicidade

O presidente do conselho de administração da Impresa disse esta quarta-feira que a SIC e a TVI apresentaram em abril ao Governo um modelo de dois canais gratuitos na televisão digital terrestre (TDT), em troca da RTP1 ficar sem publicidade.

«A SIC e a TVI apresentaram ao Governo em abril deste ano um modelo que consistia na emissão de um canal SIC2 e de um canal TVI2, sem publicidade durante dois anos, o que aumentaria o número de canais gratuitos disponíveis via TDT», disse Francisco Pinto Balsemão, durante a conferência «Media do Futuro», organizada pela SIC Notícias e pelo «Expresso».

Em troca, adiantou, «o Governo, que já na altura havia anunciado fechar a RTP2, manteria a RTP1 sem publicidade».

Balsemão disse que tanto a SIC como a TVI não deram conhecimento desta proposta, mas «curiosamente, meses depois, em princípios de setembro, aparece a notícia na imprensa, com um acrescento - que SIC e TVI exigiam receber a contribuição audiovisual, o que é absolutamente falso».

O líder da Impresa foi perentório: «Assim se destroem, mal intencionadamente, projetos bem intencionados».

Sobre a privatização da RTP, Balsemão entende que, «neste momento, com um mercado nestas condições e aumentando a possibilidade de publicidade, poderá ser muito problemática para o futuro da televisão e da produção privada da televisão».

Balsemão mostrou-se também preocupado com os despedimentos e o fim de algumas publicações que justificou com a crise publicitária, que por sua vez é consequência da baixa do consumo.

«Sempre disse aos anunciantes que nesta altura é que deviam gastar mais dinheiro a anunciar para ver se as pessoas consumiam mais, mas não houve ninguém que o considerasse», lamentou, acreditando que agora vai haver uma seleção dos meios que são líderes.

Pinto Balsemão sublinhou a importância de um jornalismo independente, sobretudo em tempos de crise, considerando que «quando os meios são dependentes de interesses que não os puramente profissionais e estão ao serviço de alguém», isso significa «prostituir, estragar e sujar» aquilo que considera jornalismo.

«Acabar com o que ainda existe de jornalismo livre e independente em Portugal, ou mesmo limitar as condições do seu exercício, é altamente perigoso nos tempos que hoje vivemos».

Balsemão disse ainda acreditar que «há gente capaz» no setor dos media «para dar a volta a uma situação grave».

Sobre a situação do mercado publicitário, o responsável destacou que desde 26 de outubro do ano passado, a queda do investimento na imprensa recuou 23,9%, o que representa menos de 13,9 milhões de euros.

Na televisão, a queda de investimento publicitário foi de 19,3%, menos 36,4 milhões de euros, e na rádio o recuo foi de 8,5%, menos 2,2 milhões de euros.

Na Internet, o investimento publicitário subiu 4,5%, mais 1,1 milhões de euros.

No total, o setor dos media sofreu uma quebra de 18%, menos 67,7 milhões de euros desde outubro do ano passado.
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