BES "mau" com prejuízos de 9 mil milhões de euros - TVI

BES "mau" com prejuízos de 9 mil milhões de euros

Dinheiro (Reuters)

Banco apresentou contas de 2014. Valor não inclui a passagem das obrigações sénior que transitaram do Novo Banco

O BES "mau" teve prejuízos de 9,2 mil milhões de euros no exercício de 2014. As contas foram reveladas nesta quarta-feira, em comunicado enviado à Comissão de Mercado e Valores Mobiliários.


"No exercício foi apurado um resultado negativo de 9,2 mil milhões de euros, do qual cerca de 9 mil milhões dizem respeito ao período entre 1 de janeiro de 2014 a 3 de agosto de 2014, refletindo já os efeitos da transmissão de ativos decorrente da aplicação da medida de resolução e os ajustamentos decorrentes da avaliação independente aos elementos do ativo e elementos extrapatrimoniais transferidos para o Novo Banco”


O valor não inclui, no entanto, a passagem da dívida sénior para a instituição, que foi anunciada esta terça-feira pelo Banco de Portugal. Recorde-se que o montante nominal das obrigações é de 1.941 milhões de euros, a que corresponde um valor de balanço de 1.985 milhões de euros. 

A entidade liderada por Luís Máximo dos Santos (que já tinha presidido à Comissão Liquidatária do Banco Privado Português) divulgou esta noite diversos documentos relativos às contas de 2014, que foram aprovadas em reunião do Conselho de Administração de 18 de dezembro deste ano.

De acordo com o relatório e contas, no final de 2014, o BES tinha um resultado líquido negativo de 9.196 milhões de euros.

Desse valor, a ‘fatia de leão’ (8.947 milhões de euros) dizia respeito ao período entre 1 de janeiro e 1 de agosto de 2014, quando o antigo BES ainda existia, sendo que os restantes 249 milhões são referentes ao período desde 4 de agosto até 31 de dezembro do ano passado.

Na mensagem do presidente do Conselho de Administração do BES, que está incluída no Relatório e Contas de 2014, Máximo dos Santos diz que, com a medida de resolução, o Banco de Portugal passou para o Novo Banco “a quase totalidade dos ativos, passivos e elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão do BES”.

Já na esfera do BES, acrescenta, passou “a estar apenas um conjunto residual de ativos”, que diz consistirem “essencialmente em créditos sobre entidades do Grupo Espírito Santo, em geral de muito difícil recuperação, e três filiais, todas por razões diferentes com situações muito complexas”, o BES Angola, O Espírito Santo Bank, em Miami, e 40% no capital do banco líbio Aman Bank.

O BES vendeu entretanto o banco líbio e tem acordo para vender o de Miami.

Já quanto aos passivos, refere Máximo dos Santos, ficaram no BES “responsabilidades perante os titulares de obrigações subordinadas e os passivos contingentes, bem como as responsabilidades perante a Oak Finance Luxembourg (…) e ainda os depósitos de entidades e pessoas especialmente relacionados com o BES”.

Esta mensagem é anterior à decisão de terça-feira do Banco de Portugal, pelo que não contém a informação de que também passou para o BES (vinda do Novo Banco) a responsabilidade sobre obrigações seniores, numa medida que recapitalizou o Novo Banco em quase 2.000 milhões de euros.

Na terça-feira, quando deu conta dessa decisão, o Banco de Portugal informou ainda que vai avançar com revogação da licença bancária do BES, iniciando-se assim processo judicial de liquidação da entidade.

Recorde-se que também nesse dia o banco central anunciou que vai pedir ao Banco Central Europeu que revogue a licença do BES "mau".

 

1.000 ME para fazer face a processos judiciais


O ‘banco mau’ BES tinha, no final de 2014, mais de 1.000 milhões de euros registados em provisões para fazer face a perdas resultantes de reclamações e processos judiciais contra o banco, segundo as contas da entidade hoje divulgadas.

Uma das informações que consta das contas, e que é sublinhado na certificação legal das contas e relatórios de auditoria da responsabilidade da auditora KPMG, é a existência de um “montante de 1.089.842 milhares de euros registados em provisões para fazer face às responsabilidades decorrentes dessas reclamações e/ou processos [de clientes e terceiros] que o Conselho de Administração entendeu poder quantificar”.

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