Lucro do BCP baixa 90% para 23,9 milhões de euros em 2016 - TVI

Lucro do BCP baixa 90% para 23,9 milhões de euros em 2016

  • AM/ SS - atualizada às 21:49
  • 6 mar 2017, 17:23

Presidente do BCP considera que "foi um resultado no ano marginalmente positivo"

O BCP registou um resultado líquido de 23,9 milhões de euros no ano passado, um recuo de 89,8% face ao lucro de 235,3 milhões de euros em 2015, informou o banco.

Foi um resultado no ano marginalmente positivo, com um quarto trimestre bastante mais favorável do que nos trimestres anteriores", realçou o presidente do BCP, Nuno Amado, na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2016, em Lisboa.

O responsável salientou que o BCP conseguiu um resultado "positivo em 24 milhões de euros, não obstante o reforço muito importante de [constituição de] imparidades", no montante de 1,6 mil milhões de euros", o valor mais elevado da sua história, conforme realçou Nuno Amado.

O agravamento na situação das empresas de alguns setores, como a construção e a promoção imobiliária, a que o banco tem tradicionalmente uma forte exposição, bem como as dificuldades vividas pelas empresas portuguesas nalguns mercados (como os africanos e a Venezuela) que tiveram "grandes dificuldades" em 2016 justificaram esta opção, explicou Nuno Amado.

Nuno Amado afirmou ainda que os investidores que participaram no aumento de capital do banco vão ser "recompensados a prazo" e destacou que parte importante da entidade continua a pertencer a acionistas portugueses.

Estou seguro de que quem investiu vai ser recompensado a prazo", afirmou Nuno Amado, referindo-se aos investidores que acorreram ao aumento de capital realizado em fevereiro, num montante superior a 1,3 mil milhões de euros.

 

BCP estima saída de mais de 100 trabalhadores este ano

Mais de 120 trabalhadores saíram do BCP em 2016 na atividade em Portugal, divulgou o presidente do banco, estimando que este ano as saídas de pessoal sejam da mesma dimensão.

No nosso plano não há qualquer reforço extraordinário [quanto a saídas de pessoal], será o corrente, o normal, 100 pessoas ou 120 (…). Não está previsto nada de extraordinário", disse Nuno Amado, afirmando que não há qualquer programa específico previsto para redução de efetivos, mas que o banco prevê continuar a fazer rescisões por mútuo acordo.

O BCP fechou 2016 com 7.333 trabalhadores em Portugal, uma redução de 126 face aos 7.459 que tinha no final de 2015.

Já na atividade internacional, a redução foi de 1.250 trabalhadores para 8.474 em 31 de dezembro de 2016, mas aqui há a referir que desde o ano passado que a atividade em Angola foi excluída do perímetro do BCP. O BCP fez a fusão do Banco Millennium Angola com Banco Privado Atlântico, tendo agora cerca de 20% na nova entidade.

 

Cortes salariais dos administradores também terminam em julho

Nuno Amado anunciou ainda que os administradores do BCP vão voltar a ter os salários na totalidade em julho, depois dos cortes a que foram sujeitos nos últimos anos, enquanto o banco teve ajuda estatal.

Já era conhecido que os trabalhadores do BCP vão ver os seus salários repostos em julho uma vez que o banco pagou recentemente os 700 milhões de euros que faltavam da empréstimo estatal concedido em 2012 (os chamados 'CoCos').

Desde 2014 que os trabalhadores do BCP com remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais têm os salários cortados (entre 3% e 11%).

Questionado sobre os salários dos administradores do banco, Nuno Amado afirmou que também os gestores de topo terão salários repostos em julho e sublinhou que no caso destes o corte médio foi de 22%, acima dos 6% do corte médio dos restantes trabalhadores.

Nuno Amado disse hoje que a reposição dos salários terá um custo anual de 15 milhões de euros.

Nuno Amado reforça apelo à "estabilidade" no setor bancário

O presidente do BCP escusou-se a comentar a polémica em torno da atuação do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, no caso BES, voltando a apelar à necessidade de haver estabilidade no setor.

"O supervisionado não opina sobre quem supervisiona. É ao contrário. É fundamental a estabilidade do setor financeiro. Nós fizemos o nosso trabalho e estamos a fazê-lo. Outros estão também a fazê-lo", afirmou Nuno Amado, depois de questionado sobre os novos dados que vieram a público na semana passada sobre a atuação do regulador no processo que levou à queda do Banco Espírito Sant

Nuno Aamdo assinalou que " Presidente da República tem tido sempre o papel de alertar para a estabilidade do setor financeiro". 

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