A emissão de três mil milhões de euros de dívida de longo prazo realizada, esta quarta-feira, pelo IGCP foi quase na totalidade para investidores internacionais, sobretudo europeus.
Numa nota enviada, o IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública confirma a informação que a Bloomberg já tinha vindo a veicular: o Estado português emitiu Obrigações do Tesouro que vencem a 14 de abril de 2017, tendo conseguido uma taxa de 4,227% na primeira emissão de longo prazo do ano.
Quanto aos investidores que procuraram esta emissão, a entidade liderada por Cristina Casalinho considera que "a distribuição geográfica foi diversificada" e que teve uma "ampla participação de investidores baseados em França, Itália, Espanha e Reino Unido".
Os investidores de França, Itália e Espanha representaram 34,7% do total, os do Reino Unido representaram 24% e os da Alemanha, Áustria e Suíça corresponderam a 12,1%, ao passo que os investidores com sede em Portugal representaram apenas 10%.
Por tipo de investidor, verifica-se que "a maioria da procura veio de fundos" (50,2%), mas também de bancos (24,6%) e fundos de pensões e seguradoras (10,8%).
Tirando partido da forte reabertura do mercado primário em 2017, o IGCP decidiu avançar com uma nova linha de OT a 10 anos, com maturidade a 14 de abril de 2027", explicou o IGCP.
A agência que gere a dívida pública portuguesa disse que "as indicações de interesse dos investidores ultrapassaram os 5,3 mil milhões de euros", pelo que o livro de registos foi oficialmente aberto "com uma orientação de preços de 'mid-swap' de +355/360 pontos base".
Isto quer dizer que o prémio oferecido pelo Estado português no início da operação oscilava entre 355 a 360 pontos base, uma orientação que foi revista para 352 a 355 pontos base, tendo em conta que as ordens dos investidores ascendiam a 8,5 mil milhões de euros, acima dos três mil milhões de euros que foram colocados.
Na terça-feira, a Bloomberg tinha já avançado que o Estado português estava a preparar uma emissão sindicada de dívida de longo prazo, com maturidade em 2027, a primeira deste ano.
O IGCP mandatou o BBVA, o HSBC, o JP Morgan, o Morgan Stanley, o Novo Banco e o Société Générale para esta operação, que inaugura as emissões de dívida de longo prazo de 2017, ano em que o IGCP prevê arrecadar "um montante entre os 14 a 16 mil milhões de euros", através da emissão bruta de Obrigações do Tesouro.
Com esta emissão de três mil milhões de euros, fica assegurado cerca de 20% daquele montante.
Esta emissão surge também na semana em que se espera que a Moody's olhe para a situação da economia portuguesa, podendo eventualmente proceder a alguma revisão da perspetiva do 'rating' atribuído a Portugal (normalmente o passo que antecede uma movimentação da nota atribuída).
De acordo com o calendário indicativo para rever os 'ratings' dos países que acompanha, a Moody's irá analisar a economia portuguesa esta sexta-feira, sendo a primeira agência de notação financeira a fazê-lo este ano.
Atualmente, a Moody's qualifica Portugal com uma nota de 'lixo' (ou não investimento), atribuindo-lhe um 'rating' de Ba1 com perspetiva estável.