Ferreira Leite: saúde e educação pagas por quem pode - TVI

Ferreira Leite: saúde e educação pagas por quem pode

Ex-ministra das Finanças avisa que austeridade vai durar «muitos anos» e deve ser acompanhada com «reformas»

Manuela Ferreira Leite não acredita que quando se fala em medidas temporárias «seja por dois ou três anos; devem ser muitos mais anos». Mas a austeridade «deve ser acompanhada com reformas» na estrutura do sector público e quem pode pagar por saúde e educação devia ser obrigado a fazê-lo, nem que seja durante dois ou três anos.

A ex-ministra das Finanças admite mesmo que as medidas de austeridade aumentem o risco de espiral recessiva.

A despesa que decorre dos serviços, «da má gestão», as chamadas «gorduras» - «essas não precisamos de estar em crise para as cortar». Está em causa um «problema moral, ético, de dinheiros públicos que não devem ser desperdiçados».

Agora no que toca à Administração Pública, o problema «não se resolve com mezinhas de cortar 5% aqui, 4% acolá».«Aquilo que há a fazer para haver redução de despesa é de forma estrutural e não temporária, com pequeninas achegas», afirmou a ministra, na Conferência sobre o Orçamento do Estado para 2012, que está a decorrer na Universidade Católica, em Lisboa.

São estas as soluções prioritárias de Ferreira Leite para emagrecer o Estado: «Olhar para serviços dispensáveis e acabar com eles; os que necessários ,reestruturá-los e pô-los a funcionar de outra forma».

Claro que «isto não se faz de repente, isto demora tempo. Os efeitos das medidas demoram um período de tempo que não é compatível com período de tempo que temos para reduzir défice», frisou a ex-ministra das Finanças, que já na semana passada tinha defendido um alargamento do prazo de ajustamento.

«Ideia de que tudo é gratuito acabou»

Por isso, antes de o país «cair» no buraco para o qual se encaminha, «é melhor, em vez de fazer achegas e a uma carga brutal de impostos, que tem um efeito perverso, começar a fazer já no sector público o que termos de fazer mais tarde - alterar o modelo social em que está inserido».

Depois, a «ideia de que tudo é gratuito» e que há subsídios para todos e reformas aos 50 anos «acabou». Ferreira Leite deixa uma sugestão: «Por que não, durante dois ou três anos, a saúde e a educação serem pagas por todos aqueles que podem pagar? Ao fazermos isto teríamos reduzido claramente despesa sem uma carga fiscal tão forte como a que está a ser feita».

Ferreira Leite admite «que haja constrangimentos, mas isso podia ser feito. Seria um caminho mais eficaz e que nos conduziria àquilo a que vamos chegar necessariamente. Daqui a 5 ou 6 anos não vamos ter o Estado a fornecer gratuitamente todos os serviços que tem oferecido».
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