Manuela Ferreira Leite alerta para distorções no IRS - TVI

Manuela Ferreira Leite alerta para distorções no IRS

  • 21 set 2017, 23:28

Antiga ministra das Finanças considera que criação de escalão para rendimentos mais baixos pode levar quem não ficar abrangido a preferir ganhar menos para pagar menos impostos

Em vésperas de apresentação do próximo Orçamento do Estado, a antiga ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, avaliou na TVI24 prováveis propostas que estão ser aventadas pelo Governo e por partidos que o suportam, considerando que a ideia de criar um escalão para rendimentos mais baixos pode ser pernicioso.

É lógico que quando se pretenda baixar o nível de IRS se beneficie os escalões de rendimentos mais baixos, mas tenho fortíssimas preocupações que se devam introduzir distorções na estrutura do IRS à custa dessas alterações", expôs Manuela Ferreira Leite.

Para a antiga ministra, há o perigo de os que não forem abrangidos "poder até nem valer a pena ter rendimentos que passem para o 2.º escalão, se forem tributados na totalidade.

Porque posso ir pagar mais imposto do que aquilo que vou receber", disse.

Lembrando que também "não podemos olhar de forma sobranceira para aqueles que pagam muitos impostos", com os rendimentos mais altos, Manuela Ferreira Leite considerou, contudo, ser condenável a ideia de vir a taxar fiscalmente os estrangeiros que residem ou pretendem vir para Portugal.

Uma das bandeiras de António Costa, na campanha, era - e bem! - a defesa da estabilidade fiscal. Porque eu tomo decisões para a vida. Não venho há dois meses para Portugal e volto agora para Inglaterra", exemplificou Ferreira Leite, considerando que, mesmo que não se concretize a medida, "o facto de anunciar, faz com que muitos que estavam para embarcar, se calhar já não façam".

No comentário na 21.ª Hora da TVI24, Ferreira Leite considerou ainda que "a não distribuição dos louros não é justa" pelos dois últimos Governos no que respeita à recente melhoria do rating de Portugal pela Standard & Poor's.

Quando houve a mudança do Governo, a situação económica só podia melhorar. Não tinha por onde piorar", defendeu a antiga ministra, lembrando que as políticas europeias também se alteraram e ajudaram à melhoria da situação. 

 

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