Crise na Grécia: «FMI está a tentar lavar as suas mãos» - TVI

Crise na Grécia: «FMI está a tentar lavar as suas mãos»

Olli Rehn reagiu ao relatório sobre o resgate ao país e que aponta «falhanços notáveis»

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As relações entre o FMI e Bruxelas azedaram e a guerra continua. Depois de ontem a Comissão Europeia ter criticado o Fundo, esta sexta-feira foi a vez do comissário Olli Rehn quebrar o silêncio.

Diz o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, citado pela Bloomberg, que, «não me parece justo nem razoável que o FMI esteja a tentar lavar as suas mãos, deixando as responsabilidades para serem carregadas às costas dos europeus».

Recorde-se que o «Wall Street Journal» noticiou, no início desta semana, que o FMI reconheceu num estudo «falhanços notáveis» no resgate à Grécia.

Ainda ontem, Bruxelas reagiu às conclusões do relatório. «A Comissão discorda de algumas das conclusões do relatório. Primeiro, na reestruturação da dívida, discordamos fundamentalmente. O relatório ignora a natureza interligada dos membros da zona euro. A reestruturação teria motivado um contágio sistémico e colocado em causa o programa. E esta foi, na altura, a posição unânime da zona euro e de todos os membros da troika», disse o porta-voz Simmon O'connor.

Na conferência em que participou em Helsínquia, o comissário europeu também afirmou estar inquieto com os projetos da França e da Alemanha para aumentar o papel dos governos na tomada de decisões na zona euro.

«Estou inquieto com algumas propostas apresentadas em relação à governação económica [da zona euro]. Em numerosos aspetos, a França e a Alemanha parecem propor que o roteiro seja reinventado», afirmou.

No final de maio, o presidente francês, François Hollande, anunciou depois de uma reunião com a chanceler alemã, Ângela Merkel, que a França e a Alemanha tinham concordado na defesa de um presidente do Eurogrupo «a tempo inteiro» e com «meios reforçados».

Para Rehn, que não precisou com que iniciativas discordava exatamente, os planos da França e da Alemanha comprometeriam o atual funcionamento, baseado no poder das propostas e das recomendações da Comissão Europeia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) esclareceu quinta-feira que os «erros» no primeiro resgate à Grécia devem ser avaliados no contexto de uma «crise excecional» e da urgência em atuar, considerando que, com a mesma informação, «teria feito o mesmo».

«O relatório avalia como se podiam ter feito as coisas de maneira diferente. Mas, neste momento, com a mesma informação, teríamos feito o mesmo», afirmou Gerry Rice, porta-voz do Fundo, na sua conferência de imprensa diária, respondendo às perguntas dos jornalistas sobre o documento divulgado na quarta-feira em que o FMI reconhece «falhanços notáveis» no primeiro programa de resgate da Grécia.

No entanto, Gerry Rice afirmou que «há que recordar a intensa crise da Grécia, em muitos casos sem precedentes, e que era preciso atuar rapidamente», enfatizando que «é importante avaliar o contexto».

Além disso, acrescentou, o relatório do FMI sobre o primeiro resgate à Grécia, aprovado em 2010 juntamente com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, supõe «um olhar para o passado» e que «o novo programa internalizou as lições do primeiro».

A Comissão Europeia disse «discordar fundamentalmente» de algumas das conclusões do relatório divulgado na véspera pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Questionado sobre o documento do FMI, o porta-voz dos Assuntos Económicos alegou que o relatório foi elaborado «por alguns técnicos do FMI» e não reflete uma «posição oficial» da instituição, com quem, asseverou, o executivo comunitário mantém uma «relação de trabalho construtiva», incluindo no programa de assistência a Portugal.

Sublinhando que Bruxelas discorda de várias (e importantes) conclusões do documento, como a questão da reestruturação da dívida grega, Simon O¿Connor garantiu ainda que o mesmo não alterará a forma de trabalho no seio da troika, considerando que a UE e o FMI estão a trabalhar muito bem, incluindo nos casos dos outros países sob programa de assistência financeira, designadamente Portugal e Irlanda.
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