Tenho ações da EDP: vendo ou não? - TVI

Tenho ações da EDP: vendo ou não?

Maior acionista chinês quer ficar com a totalidade da empresa, mas promete deixar sede em Portugal. Analistas acreditam que há aspetos contra e favor da venda

Na sexta-feira passada a China Three Gorges lançou uma oferta para comprar a EDP.

O valor oferecido por ação aos acionistas foi 3,26 euros, mas os títulos já valem mais [3,44 euros a esta hora].

O regulador está a analisar o negócio e para os analistas há aspetos contra e a favor da venda, sendo certo que o importante, e falamos sobretudo para os pequenos acionistas, que têm ações na sua carteira de poupanças, é que saibam o que está aqui em causa.

O diretor de negociação do Banco Carregosa, João Queiroz esteve no espaço da Economia 24 do “Diário da Manhã” para nos dar uma ajuda.

Há justificações válidas para vender e não vender. Em que ficamos?

Depende do momento em que o investidor assumiu a posição [comprou] e do tempo que detém a posição. Imaginemos que o investidor entrou este ano e já conseguiu receber dividendos. Já tem uma remuneração aproximada de 4 a 5%. Em cima disto, com base em esta oferta, já temos as ações a transacionarem quase 10% acima do fecho de sexta-feira passada. No total devemos ter 10, 15% de valorização. Para um investidor que, provavelmente, que tem 500 ou 1.000 ações ou o peso não é significativo na sua carteira – porque tem uma determinada distribuição e não está muito concentrado só neste título - provavelmente fará sentido equacionar se vale a pena continuar.

Pode até vender e fazer o investimento numa outra empresa elétrica similar?

Sim.

Vale a pena esperar para ver se os chineses sobem a oferta?

Ao preço a que está a negociar, o mercado acredita em uma reavaliação do preço. Estamos no momento do anúncio preliminar. Ainda não está registada a oferta.

Os acionistas podem avaliar com calma e ver qual a opção que preferem?

Certo. Mas se criarmos um conjunto de cenários, para o que é o valor intrínseco da companhia [o que realmente vale] – considerando aspetos como endividamento, evolução das receitas, dispersão geográfica, enfim… é difícil conseguir preços muito mais elevados do que aqueles a que estamos a negociar.

Provavelmente o mercado acredita que possa haver alguma reavaliação do preço. Pode haver uma tentativa desta companhia chinesa dar um salto maior, optando por ir até x preço, mas o espaço de evolução pode estar um pouco limitado pelo que referimos, apesar de a EDP valiosa para a China Three Gorges.

E haverá alguma instituição interessada em comprar a EDP que ofereça um valor maior que o oferecido pela China Three Gorges?

Sim. Pode existir uma operação concorrente, mas para já me parece pouco provável.

Porquê?

Porque houve um conjunto de notícias, nas últimas três semanas, de algumas conversações. Como, por exemplo, uma companhia elétrica francesa e uma concorrente espanhola no sentido de, provavelmente, poderem entrar no capital. Daí não resultou nada, por tanto, neste momento, da forma como tem evoluído o mercado das utilities elétricas, também na Europa, e alguns desafios que existem, como, por exemplo, a subsidiação por parte dos estados às energias renováveis, a probabilidade é baixa, torna esse cenário mais difícil.

Mesmo depois do anúncio da oferta, continuo a poder vender as ações em qualquer momento?

Sim. E pelo menos sabe que há uma oferta a 3,26 euros e o mercado está a negociar a x valor.

Quem tem obrigações é afetado?

Não tem estado a ser. A ideia dos investidores em obrigações é numa outra perspetiva. Se olharmos para a componente de mais risco das emissões da EDP, salvo erro para 2075, houve alguma correção, mas o mercado obrigacionista moveu-se no sentido do ajuste dos preços.

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