A ministra do Trabalho disse esta segunda-feira no parlamento que o Governo “continua à procura de pontes” para manter uma política social de esquerda no país, sublinhando que o executivo “não procura consenso por temer eleições” antecipadas.
Apesar de os anúncios que têm sido feitos nos últimos dois dias, o Governo continua à procura de pontes que permitam manter políticas sociais de esquerda em Portugal”, disse a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, referindo-se aos anúncios do BE e do PCP de que vão votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
A governante falava no final de uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças no âmbito da apreciação na generalidade da proposta de OE2022, que será votada na quarta-feira.
Ana Mendes Godinho disse ainda que o Governo “não procura consenso por temer eleições, procura consensos porque, confiando no apoio dos portugueses, entende que os portugueses lhe confiaram este mandato para garantir uma governação estável de esquerda”.
O Governo não desiste do país. Ficou evidente durante esta discussão que este Orçamento do Estado é essencial no momento em que vivemos porque responde às crianças aos idosos, aos trabalhadores, aos jovens. Quem vai responder a estas pessoas que não receberem estes valores e estas medidas que estão previstas neste Orçamento?", questionou a ministra.
Dirigindo-se aos deputados do BE, a ministra do Trabalho criticou o partido por, no seu entender, “limitar a discussão a um ou dois pontos” quando as negociações sobre o OE2022 foram, na opinião da governante, “muito mais abrangentes, com cerca de duas dezenas de propostas” e em “diálogo permanente”.
Ana Mendes Godinho referiu alguns pontos de aproximação ao BE, nomeadamente em matérias laborais, mas voltou a afastar o fim do fator de sustentabilidade (corte nas pensões associado à esperança média de vida), uma das medidas sobre a qual os deputados bloquistas voltaram a insistir durante o debate.
A propósito do fator de sustentabilidade queria reiterar que ele é um garante, como o seu próprio nome indica, de um direito constitucional irrenunciável a que todos os portugueses tenham uma pensão de reforma e é exatamente este direito que garante que as gerações futuras têm também um sistema de proteção”, disse a governante.
Naturalmente, podemos sempre equacionar, a longo prazo, soluções alternativas, mas não podemos pôr em causa direitos de longo prazo por decisões conjunturais de um Orçamento do Estado que é anual”, acrescentou, porém, a ministra.
O Conselho de Ministros vai reunir-se de forma extraordinária esta segunda-feira à noite para avaliar a situação política, após Bloco de Esquerda e PCP terem comunicado o voto contra o Orçamento do Estado, na generalidade, na quarta-feira.