Papéis do Panamá: dono da Octapharma na Mossack Fonseca - TVI

Papéis do Panamá: dono da Octapharma na Mossack Fonseca

Joaquim Paulo Nogueira Lalanda e Castro aparece nos documentos da Mossack Fonseca como proprietário de duas companhias: a New Ruby One e a New Ruby Two, ambas criadas nas Ilhas Virgens Britânicas em 2011 e ainda ativas. O seu nome saltou para a ribalta por estar ligado à Operação Marquês, que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates

Joaquim Paulo Nogueira Lalanda e Castro. O nome saltou para a ribalta por estar ligado ao caso Marquês, tem também o seu nome nos Papéis do Panamá. 

O dono da Octapharma, que contratou José Sócrates como consultor em 2013, aparece nos documentos da Mossack Fonseca como proprietário de duas companhias: a New Ruby One e a New Ruby Two, ambas criadas nas Ilhas Virgens Britânicas em 2011 e ainda ativas.


E é aqui que os Papéis do Panamá se cruzam com o Caso Marquês. As duas sociedades offshore são “diretoras” da Intelligent Life Solutions, ou ILS, uma empresa que Lalanda e Castro já admitiu deter.

Foi através desta companhia inglesa, que o empresário fechou um negócio de meio milhão de euros com Carlos Santos Silva, amigo de infância de José Sócrates. Dinheiro que os investigadores do caso Marquês acreditam que teria como último destinatário o ex-primeiro-ministro. 

Contactado pela TVI e pelo Expresso, Paulo Lalanda e Castro assumiu, através do seu advogado, Paulo Farinha Alves, a existência das duas empresas. O seu representante legal nesta área ressalvou, todavia, que Lalanda e Castro “não é residente fiscal em Portugal desde 2011 e que as sociedades foram criadas após essa data”, além do mais “estão devidamente reportadas às autoridades fiscais suíças (onde maioritariamente operam) e plenamente integradas no seu património”.

Acrescentou, por fim que “as sociedades referidas não são detentoras de qualquer ativo e/ou participação social em Portugal”.

Além da Operação Marquês, Lalanda e Castro está ainda no radar de outros casos mediáticos da justiça, como a Operação Labirinto, que investiga os vistos Gold, e o megaprocesso Máfia dos Vampiros, um caso relacionado com compras de plasma no Brasil.

Na base de dados da Mossack Fonseca está também Álvaro Sobrinho. O homem forte do BES Angola é beneficiário de várias offshore, entre elas a White Ceder, criada em 2011, nas Ilhas Virgens Britânicas. Foi através desta empresa que sobrinho comprou em 2012 o Muebu, um barco com mais de 22 metros.

Contactado pela TVI e pelo Expresso, Sobrinho admite a relação com a empresa. 

“Se a empresa me pertence, obviamente que o barco também me pertence. Trata-se de uma posse legítima. Todos os ativos que me pertencem e estão alocados à White Ceder pagaram os seus impostos e encontram-se registados em países da União Europeia”.

 

Outro caso detetado pela TVI e pelo Expresso é o de António Ferro, candidato pelo partido “Nós Cidadãos “nas últimas legislativas pelo círculo da Europa. Os Papéis do Panamá dão-no como dono da PPI Corporation, uma sociedade das Bahamas, a partir de 2003. Entre os vários documentos disponíveis está, por exemplo, o passaporte de António Ferro e cartas assinadas, remetidas da sua antiga morada em Bruxelas.

"Estou estupefacto. Não conheço essa empresa, não sei nada sobre ela, nem sei como é que o meu passaporte e os meus dados foram aí parar. Já tive um problema no passado, em que falsificaram a minha assinatura", afirmou António Ferro.

Outro nome português que consta dos documentos dos Papéis do Panamá é Pedro Carvalho de Almeida. Vive na Suíça há várias décadas, está ligado aos negócios do petróleo e mantém alguns investimentos em Portugal.

 

Os documentos da Mossack Fonseca ligam-no à NEF Investments Limited, criada em Malta em 2013, através do Phisiad Trust e do New Energy Fund, dos quais surge como “beneficiário”. À TVI e ao Expresso, o empresário admitiu ser o beneficiário do Phisiad Trust e nada ter a esconder porque “não tem nada de ilegal”. 

“Vivo na Suíça há 38 anos e pago os meus impostos na Suíça”, explica acrescentado que “as autoridades suíças" conhecem a sua "situação fiscal”. No entanto, quanto às restantes empresas garante apenas ser "consultor".

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