“Eu espero que os pilotos possam ponderar bem as consequências desta greve. Já o disse algumas vezes, não quero acrescentar aqui nenhum outro dramatismo à situação”, pois, já se trata de uma situação “muito difícil, sobretudo para a própria empresa e para o país”, disse, citado pela Lusa.
Segundo o chefe do Governo, que falava em Beja, após inaugurar a feira de agropecuária Ovibeja, “o impacto que uma greve de 10 dias pode ter na economia nacional é significativo”, daí que o executivo tenha vindo a “apelar à maturidade e ao bom senso dos pilotos nessa matéria”.
Questionado pelos jornalistas sobre esta greve de 10 dias dos pilotos da TAP, que está prevista arrancar na sexta-feira, Pedro Passos Coelho considerou ser “importante que os portugueses percebam que há muitos anos” que existe “este problema” na Transportadora Aérea Nacional.
“Não é um problema recente e, apesar de o Sindicato dos Pilotos estar a utilizar o processo de privatização para justificar esta greve, na verdade o Sindicato dos Pilotos tem, ao longo de muitos anos, aprisionado a estratégia da própria empresa e isso um dia terá que acabar”, criticou.
O Governo, continuou, “não pode, nesta altura, não só porque não tem essa possibilidade, como porque não seria correto que o fizesse, dirigir mais dinheiro dos impostos dos portugueses” para a TAP.
Porque a empresa “pode ter viabilidade, pode crescer e pode ser útil ao país, desde que a sua gestão possa contar com uma nova capitalização e com o bom desempenho dos seus profissionais”, frisou.
Questionado sobre se vai haver alguma cedência por parte do executivo em relação a este processo da greve na TAP, Passos Coelho questionou: “Mas cedência a quê? De não se fazer a privatização? Isso está fora de questão”.
“Nós fizemos um processo de negociação que foi concluído, assinámos um acordo. Esse acordo está a ser respeitado pelos outros sindicatos, não está a ser respeitado pelo Sindicato dos Pilotos”, argumentou.
E, “se o objetivo da greve é impedir a privatização” da empresa, o primeiro-ministro considerou que “esse é o mais perverso dos motivos”.
“A não-privatização da TAP só pode conduzir a um despedimento coletivo, a um processo de reestruturação, para ter uma TAP mais pequenina, com menos equipamentos, com menos voos, com menos frota. E isso não interessa a Portugal, não devia interessar aos próprios pilotos e não interessa seguramente aos muitos milhares de trabalhadores da própria empresa”.
A ser esse o objetivo da paralisação, sublinhou, trata-se de “um objetivo perverso e o país não pode estar sempre prisioneiro, e a própria empresa não pode estar sempre prisioneira, dessa chantagem”.
Os pilotos da TAP marcaram uma greve, entre 01 e 10 de maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação no capital da empresa no âmbito da privatização.
Os trabalhadores da TAO realizaram esta quarta-feira uma marcha silenciosa e apelaram à desconvocação da greve.