Krugman, que participou numa conferência em Lisboa em homenagem ao antigo ministro das Finanças, Silva Lopes, disse mesmo que, apesar de ser um “grande defensor” do aumento do salário mínimo, é preciso “muito cuidado” ao avançar com este tipo de medidas, que poderão pôr em causa a competitividade da economia.
Apesar de tudo, Krugman considera que a integração de Portugal na Europa é “um caso de sucesso”.
“Lembro-me como era: isto não era um sítio onde as pessoas tinham a certeza de que faziam parte (da Europa), era um sítio onde as pessoas não tinham a certeza que era democrático. Acabou por ser e isso é maravilhoso e houve progresso económico”, recordou.
No entanto, Krugman sublinhou que os problemas da economia portuguesa não estão todos resolvidos: “Agora está numa situação muito difícil, o desemprego é muito elevado e seria ainda mais elevado se as pessoas não estivessem a sair, ainda é uma economia fraca”.
A importância de uma união bancária
O economista afirmou ainda que a zona euro precisa de “uma verdadeira união bancária” europeia, considerando que pensar que “a responsabilidade de apoiar os bancos em tempos difíceis é nacional é basicamente uma ideia maluca”.
“Em primeiro lugar, uma coisa que é absolutamente óbvia que tem de ser feita - e era insano não o fazer - é uma verdadeira união bancária”, afirmou o prémio Nobel.
Para Krugman, “a ideia de que a responsabilidade de apoiar os bancos em tempos difíceis deve ser de nível nacional é basicamente maluca e é impor um risco constante”.
O economista entende que “é errado pensar nestas crises bancárias puramente como responsabilidade dos países onde elas ocorrem” e deu o exemplo da crise de 2008 nos Estados Unidos da América.
“Foi muito regional, não foi um problema nacional: 80% das perdas foram num só Estado, no Estado do Texas. Mas o Texas não teve de pagar por isso, o orçamento nacional é que pagou”, recordou Krugman.
O professor deu um exemplo de como funcionaria uma “verdadeira união bancária” na zona euro: “Imaginem Portugal a enfrentar a troika e a pedir 25% do PIB como presente. É isso que deve acontecer se tiverem uma verdadeira união bancária”.
Krugman considera que isto “tem de acontecer” mas admite que “vai levar alguns anos e [que] não vai ser retrospetivo”, sublinhando que a Europa tem de ter em mente que “da próxima vez podem ser os países do Norte” a precisar de ajuda europeia.
O segundo aspeto que Paul Krugman referiu foi a necessidade de haver “uma verdadeira união orçamental” na zona euro, considerando que “este é um sonho distante, mas [que] talvez seja possível convencer as pessoas de que nunca se sabe quem é que vai estar em perigo” a seguir.