BES: as perguntas do PS sobre o papel de Moedas - TVI

BES: as perguntas do PS sobre o papel de Moedas

Carlos Moedas (EPA/LUSA)

Um membro da Família Espírito Santo disse numa nas reuniões do GES que era «preciso pôr o Moedas a funcionar». PS quer saber se sim, e de que forma. Socialistas têm uma lista de questões dirigidas a um total de seis personalidades para melhor perceber as causas do colapso do banco

O Partido Socialista já compôs uma série de questões que quer ver respondidas, no âmbito da comissão de inquérito ao BES. São seis as personalidades questionadas, por escrito. Carlos Moedas, o antigo secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, é uma delas.

Na sua audição, o membro do Conselho Superior do GES José Manuel Espírito Santo foi questionado sobre a expressão «pôr o Moedas a funcionar» dita por si, numa reunião do clã Espírito Santo. Respondeu que «nunca» a família «encomendou» nada ao Governo. Também Salgado telefonou ao ex-secretário de Estado durante um desses encontros.

Os socialistas já formularam um conjunto de perguntas para perceber o que foi ou não dito à troika sobre a situação financeira do BES e, para além disso, se Carlos Moedas realmente efetuou, a pedido de Ricardo Salgado, algum contacto junto das autoridades luxemburguesas, sobre o inquérito que a procuradoria daquele país estaria a fazer a três empresas do grupo, e/ou junto do presidente da Caixa Geral de Depósitos, de forma a conseguir um financiamento para o GES. Para além destas questões específicas, há uma outra pergunta, mais genérica, sobre o assunto:

Que diligências fez, e junto de quem, para que as necessidades do Grupo Espírito Santo, que lhe foram transmitidas pelo Dr. Ricardo Salgado, fossem atendidas?  


Para além de Moedas, o PS também tem questões a fazer a Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal e atual vice-presidente do Banco Central Europeu, a Olli Rehn, ex-comissário europeu, Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças, e, ainda, ao presidente do Crédit Agrícole, Bruno Laage de Meux, bem como a Alexandre Italianer, da Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia.

A Constâncio, os socialistas perguntam se houve contactos com membros do grupo ou do banco na altura em que era governador do Banco de Portugal e qual o grau de exposição do banco ao grupo, no seu último mandato, em 2010.

«Tomou conhecimento, durante o período em que foi governador do BdP, de algum indício de contas falsificadas na 'holding' de topo do grupo ESFG [Espírito Santo Financial Group]/BES? Alguma vez algum membro do Conselho Superior do GES, do Conselho de Administração da ESFG ou da Comissão Executiva do BES o contactou, durante o período em que foi governador do BdP, para lhe transmitir dúvidas ou suspeitas sobre as contas do BES ou de alguma holding do GES?»


Os deputados aproveitam, ainda, para questionar o vice-governador do BCE sobre se o BES «teria de perder necessariamente o estatuto de contraparte» se continuasse a funcionar. Foi essa ameaça do Banco Central Europeu, que o Banco de Portugal invocou como argumento para decidir num par de dias a via da resolução que dividiu o BES em dois, uma vez que essa perda obrigaria à devolução de 10 mil milhões de euros de créditos.

Já do antigo comissário Olli Rehn, pretende-se um esclarecimento sobre se a medida de resolução aplicada ao BES no dia 3 de agosto «foi uma imposição da Comissão Europeia ou foi, apenas, uma decisão do Governo português e do BdP». E ainda questionam:

«Como é que, no quadro do programa de ajustamento e das sucessivas avaliações regulares realizadas pela troika, nunca conseguiram identificar os problemas graves que já atingiam o BES?»


Ao presidente do Crédit Agricole é perguntado, por exemplo: «Alguma vez consideraram que o Dr. Ricardo Salgado deveria ser substituído na liderança do Banco? Quando? Que fizeram para que isso acontecesse?» e se «tiveram alguma reunião com o BdP para discutir a governance da ESFG e do BES». 

Do responsável da Direção Geral da Concorrência, os socialistas querem clarificar se essa entidade manifestou «alguma preferência» em relação à forma de intervenção no BES e quando é que foi informada da solução da resolução, questionando, ao mesmo tempo, se levantou «alguma objeção a uma intervenção com dinheiros públicos no BES».
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