Preço da sardinha triplicou em cinco anos - TVI

Preço da sardinha triplicou em cinco anos

A par do carapau e da cavala, é uma das principais espécies transacionadas nas lotas portuguesas, representando mais de metade do total

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O preço médio de venda da sardinha triplicou desde 2010 acompanhando a diminuição das capturas que evoluíram na proporção inversa, indicam as estatísticas da Docapesca.

A sardinha é, a par do carapau e da cavala, uma das principais espécies transacionadas nas lotas portuguesas, representando mais de metade do total, mas as quotas de pesca são cada vez mais restritas devido à diminuição do stock de sardinha ibérica que tem encolhido, ano após ano.

Ao contrário das restantes quotas de pesca, atribuídas pela União Europeia, as da sardinha são geridas e fixadas por Portugal e Espanha, com base nos pareceres do Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES, na sigla inglesa) que tem recomendado uma drástica redução das pescas para travar o declínio do stock.

Em 2010, por exemplo, foram descarregadas nas lotas nacionais 57 mil toneladas de sardinha, que não chegavam a custar um euro por quilo (0,64 cêntimos foi o preço médio pago nesse ano), mas em 2014 o volume tinha caído para pouco mais de um terço (cerca de 16 mil toneladas), fazendo os preços disparar para 1,99 euros.

O aumento foi constante nos últimos cinco anos: em 2011, as 54 mil toneladas de sardinha que chegaram às lotas foram vendidas em média a 0,76 euros, em 2012 a 1,30 euros (correspondentes a 32 mil toneladas transacionadas) e em 2013, o preço médio foi de 1,43 euros.

Já nos primeiros seis meses deste ano, o preço de venda médio rondou 1,74 euros, tendo sido capturadas 6.259 toneladas, quase metade da quota de 13.500 toneladas atribuídas a Portugal em 2015.

Face à escassez de sardinha, os pescadores têm sido incentivados a procurar outras espécies como o carapau e a cavala, mas o rendimento é significativamente inferior.

Avaliando os dados disponíveis para os últimos cinco anos, é possível verificar que a cavala nunca foi vendida por mais do que 32 cêntimos/quilo, em 2012 (mais sete cêntimos do que no ano anterior), enquanto o preço máximo do carapau foi 1,70 euros/quilo, em 2011, e o mínimo de 0,92 cêntimos em 2013.

As 50 mil toneladas de carapau e cavala pescadas em 2013, embora muito superiores às capturas de sardinha no mesmo ano (28 mil toneladas) foram vendidas a cerca de metade do preço: 23,5 milhões de euros contra quase 40 milhões no caso da sardinha.

A diminuição da captura de sardinha tem tido um impacto significativo na quantidade de peixe pescado pela frota nacional de pesca que atingiu, em 2014, o valor mais baixo dos últimos 45 anos (119.890 toneladas).

E para 2016, as notícias não são animadoras.

Em meados de julho, o ICES recomendou que os totais admissíveis de capturas (TAC) da sardinha em águas ibéricas se limitem às 1.587 toneladas no próximo ano, despertando a revolta do setor.

O presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCERCO), Humberto Jorge, afirmou que o setor não vai aceitar esta quota, que equivale na prática a uma quase interdição de pesca, e questionou a credibilidade dos dados científicos.

Também o Ministério da Agricultura e do Mar estranhou o cenário restritivo que está na base desta recomendação de capturas e anunciou que ia pedir explicações ao ICES.

Mas, para já, ainda não há respostas e com uma quota de 9 mil toneladas de sardinha estabelecida para o período entre junho e outubro deste ano, dificilmente haverá decisões antes das eleições legislativas.
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