A pandemia agravou a vulnerabilidade dos mais pobres em Portugal, que foram os mais expostos ao risco de covid-19.
A conclusão consta num novo relatório sobre os efeitos da pandemia em Portugal. O documento mostra que as desigualdades acentuaram-se nas mais diversas áreas.
A pandemia teve implicações nos mais diversos setores, mas não afetou toda a gente de forma igual.
Os mais pobres foram os mais expostos à doença. Entre março e junho do ano passado, a população mais pobre era quem apresentava maior risco de infeção.
As conclusões fazem parte do relatório "Portugal, balanço social 2020", um estudo que resulta de uma parceria entre a Universidade Nova de Lisboa, a Fundação La Caixa e o BPI.
As desigualdades aumentaram também ao nível do trabalho. Enquanto alguns setores como os da informação e comunicação continuaram em teletrabalho, recorrendo menos ao layoff, outros como o alojamento turístico, a restauração, as artes e o desporto enfrentaram maior perda de rendimento.
Os desempregados também aumentaram. Em setembro do ano passado havia mais 106 mil desempregados do que no mesmo período do ano anterior. Os mais jovens e com escolaridade até ao 12.º ano e as mulheres foram os mais afetados.
E entre janeiro e setembro houve um aumento de 11 mil beneficiários do Rendimento Social de Inserção.
O endividamento aumentou nos meses de confinamento, acabou por diminuir nos meses seguintes, mas só se manteve estável graças às garantias do Estado e à moratória pública dos créditos bancários.
O relatório mostra que o impacto da pandemia incidiu também na educação. Os alunos das famílias mais pobres estiveram mais vulneráveis durante o ensino à distância devido à falta de equipamentos e de acesso à internet.
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