Centeno: reestruturação da dívida não está na agenda do Governo - TVI

Centeno: reestruturação da dívida não está na agenda do Governo

Mário Centeno

Afinal a reestruturação da dívida não faz parte dos planos do Executivo socialista. Ou porque nunca fez, ou porque o Governo optou por deixar o tema, "apadrinhado" pela maioria que o apoia por isso mesmo, depois do presidente o Eurogrupo assegurar que tal não vai acontecer

O ministro das Finanças afirmou hoje, em Bruxelas, que a reestruturação da dívida “não é algo que esteja na agenda do Governo português” e rejeitou qualquer contradição com o que afirmou na semana passada no Parlamento em Portugal, no âmbito da discussão, na generalidade, da proposta de Orçamento do Estado para 2017 (OE2017).

À saída de uma audição no Parlamento Europeu, sobre o processo de possível suspensão de fundos estruturais, durante a qual disse que em Portugal se tem rejeitado “liminarmente discussões sobre a reestruturação da dívida”, Mário Centeno, aos jornalistas, voltou a recusar ter entrado em contradição.

Não há rigorosamente, rigorosamente, nenhuma contradição, entre o que disse hoje, o que disse no Parlamento português, o que tenho dito reiteradamente sobre essa matéria", afirmou o ministro das Finanças.

Aos jornalistas, o responsável pela pasta das Finanças disse ainda que "Portugal é um país que tem metas a cumprir e deve fazer da credibilidade a sua palavra de participação na construção europeia", acrescentando que "a reestruturação da dívida não está, nem vai estar em cima da mesa".

Mesmo assim, Centeno ainda frisou ser "uma matéria que se pode discutir a nível europeu, quando os países assim o decidirem, mas não é algo que esteja na agenda do Governo português".

Declarações que vêm no seguimento de outras feitas, em Portugal. Centeno falava na quinta-feira passada, no Parlamento, no âmbito da discussão da proposta de OE2017 e concordou com Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda.

Ao repto bloquista, o ministro respondeu, na ocasião: “Estou totalmente de acordo consigo: esse debate [o dos juros da dívida] é crucial para o futuro próximo da economia portuguesa. É necessário que Portugal tenha redução na taxa de juro que paga pelo seu endividamento. É responsabilidade do Governo honrar as obrigações e essa discussão apenas pode ser tida no plano europeu, o Governo está disposto para isso e tem feito por isso".

Mas ontem, fosse, ou não, a reestruturação da dívida um desejo do Governo, Bruxelas deitou-o por terra.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que não há necessidade de baixar os juros dos empréstimos da Europa a Portugal porque o país "pode pagar a sua dívida".

No final da reunião de ontem, também em Bruxelas, os responsáveis comunitários deixaram mesmo um aviso à navegação política em Portugal: a questão os juros "não foi, nem será discutida" pela Europa. "Não vamos discutir uma redução dos juros para Portugal", assegurou o responsável europeu.

 

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