Anda de transportes? Paga mais do que deve - TVI

Anda de transportes? Paga mais do que deve

Deco Proteste alerta que quem utiliza dos transportes públicos de Lisboa e Porto tem de pagar para viajar em toda a rede, mesmo que não use todos os meios de transporte. Ou seja, estão a ser-lhe cobrados serviços de que não usufrui

Quem anda de transportes públicos em Lisboa e no Porto está a pagar mais do que deve. O alerta deixado pela Deco Proteste baseia-se no facto de os passageiros terem de pagar para viajar em toda a rede, mesmo que não usem todos os meios de transporte.

Num artigo publicado na edição de janeiro da sua revista Dinheiro & Direitos, que ficou disponível a partir desta quarta-feira, a associação que defende os direitos dos consumidores reivindica “soluções mais económicas e flexíveis” para os títulos de transporte.

O que defende? Que as tarifas devem permitir a combinação de vários meios de transporte adequados ao perfil de cada passageiro.

O que serviu para justificar a venda exclusiva de passes intermodais em 2012 deixou de fazer sentido… a troika já não está no país. Vamos, por isso, pedir justificações ao Governo, ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, entre outras entidades".

Analisando os títulos de transporte das duas cidades, a Deco Proteste refere que quem os utiliza “já ficou com a sensação de que é melhor viver nos subúrbios e saltitar do autocarro para o comboio e, se possível, com escala por algumas estações de metro ou duas paragens de elétrico”, para usufruir o que paga.

Um exemplo e valores

Se viver numa zona de Lisboa, mesmo que arredores, mas tem ligação direta entre casa e trabalho via metropolitano, e se pretende um passe social, terá de pagar pelo menos um título de transporte que lhe abre as portas a toda a rede.

Ou seja, mesmo que precise de viajar só de metro, pagará tanto quanto o tal passageiro saltitão, que utiliza a rede completa”.

Antes da entrada da troika em Portugal, o passageiro podia ter um passe mais adequado às suas necessidades - por exemplo, viagens de metro e autocarro -, mas, com as exigências da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu, assistiu-se a uma fusão dos transportes de Lisboa e do Porto, no âmbito da reorganização do setor empresarial do Estado, que levou à “total integração tarifária”.

De acordo com a Dinheiro & Direitos, a solução até parecia “racional”, mas a integração dos bilhetes e passes fez-se por um “valor muito alto e penalizador para o consumidor”.

Quem antes utilizava o cartão Lisboa Viva ou passe monomodal (ou seja, limitado a um operador ou a uma área), como o Carris-Metro, passou a ter de usar um passe intermodal, ou seja, a poder viajar em toda a rede, mesmo que não precise, e a ter de pagar mais por isso”.

Em valores, estamos a falar de aumentos de quase “seis euros por mês para quem andava de metro, ou seja, 72 euros num só ano, de 2012 para 2013”.

O aumento generalizado dos preços dos bilhetes para viagens individuais leva a que o passe que dá acesso a toda a rede compense. No entanto, há passageiros que não precisam de pagar para ter todas as opções de transporte, uma vez que delas não usufruem.

A Deco realça que não ter alternativa é “contrário à lei”. Como é também "uma prática ilegal fazer depender a compra de um bem ou serviço da compra ou prestação de outro".

Já foi anunciado que os transportes públicos vão subir 1,5 % em 2017. É um aumento em linha com a inflação, mas o Governo garante que as famílias vão pagar menos. O secretário de Estado Adjunto do Ambiente, José Mendes, já explicou como (veja aqui).

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