FMI estima mais défice do que o Governo em 2018 - TVI

FMI estima mais défice do que o Governo em 2018

  • SS - atualizada às 15:14
  • 18 abr 2018, 15:04
FMI

O FMI estima um défice de 1% do PIB este ano em Portugal e que o saldo se mantenha negativo até 2023, ao contrário do Governo português

O FMI estima um défice de 1% do PIB este ano em Portugal e que o saldo se mantenha negativo até 2023, ao contrário do Governo português, que prevê apresentar um défice perto de zero já em 2019.

No 'Fiscal Monitor', relatório com as previsões orçamentais do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou ligeiramente a estimativa para o défice orçamental português deste ano para 1% do PIB, face aos 1,1% que tinha antecipado em fevereiro.

Apesar de ter melhorado a estimativa do défice de 2018, o Fundo prevê um défice superior em 0,3 pontos percentuais perante o assumido pelo Governo no Programa de Estabilidade entregue à Assembleia da República na sexta-feira.

As projeções referentes a Portugal, que são coordenadas pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar - agora diretor do FMI -, baseiam-se no Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) e foram "ajustadas para refletir as previsões macroeconómicas" do Fundo.

Na terça-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde mostrou-se ligeiramente mais otimista para 2018, esperando mais crescimento económico (2,4%) e menos desemprego (taxa de 7,3%) do que o Governo. No Programa de Estabilidade, o executivo antecipa um crescimento económico de 2,3% este ano e uma taxa de desemprego de 7,6%.

As estimativas orçamentais do FMI até 2023 são também menos otimistas do que as do executivo liderado por António Costa.

No Programa de Estabilidade, o Governo compromete-se com um défice orçamental próximo de zero (0,2% do PIB) já em 2019, último ano de legislatura e ano de eleições europeias e legislativas. A partir daí, são esperados excedentes orçamentais que crescem todos os anos: 0,7% do PIB em 2020, 1,4% em 2021 e 1,3% em 2022.

No entanto, o FMI - que tem como base um cenário de políticas invariantes para os próximos anos - não só não acredita em excedentes orçamentais até 2023, como considera que até esse ano o défice continuará mais perto de 1% do que de zero.

No 'Fiscal Monitor', o Fundo estima que Portugal tenha um défice orçamental de 0,9% em 2019, de 0,8% em 2020, de 0,7% em 2021 e de 0,6% em 2022 e em 2023.

O saldo primário, que exclui os encargos com a dívida pública, vai manter-se acima dos 2% neste período de previsões, segundo o FMI: 2,3% em 2018 e em 2019, 2,2% em 2020 e em 2021 e 2,1% em 2022 e 2023.

 

Vítor Gaspar aconselha países a preparem-se para as próximas crises económicas

O ex-ministro das Finanças português e diretor do FMI, Vítor Gaspar, avisa que "nenhum país é exceção" e que todos devem usar o ciclo económico positivo para acumular 'almofadas financeiras', preparando-se para eventuais crises.

O ciclo económico positivo deve ser usado para acumular 'almofadas financeiras' para tempos tempestivos que vão chegar eventualmente", afirmou Vítor Gaspar na apresentação do 'Fiscal Monitor'.

Nesse sentido, o ex-ministro afirma que os países devem "evitar medidas pró-cíclicas que providenciem estímulos desnecessários quando a atividade económica já está a acelerar".

Em vez disso, defende, "a maioria dos países deve cumprir os seus planos orçamentais e colocar os défices e as dívidas em trajetórias descendentes firmes".

Os países vão estar mais bem colocados para enfrentar os riscos iminentes se construírem finanças públicas fortes durante os tempos positivos", defendeu o diretor do FMI.

Continue a ler esta notícia