Norte de África: UE admite perdão de dívida

A União Europeia (UE) admite fazer uma oferta radical de «perdão de dívida» aos Estados seus vizinhos do Norte de África, como o Egito, noticia a AFP, baseada em revelações feitas esta quinta-feira por fontes comunitárias e governamentais.

«Os Estados membros vão examinar a possibilidade de usar o perdão de dívida como um sinal de mudança» ao longo da margem Sul do Mediterrâneo, revelam os projetos de conclusões elaborados para a cimeira dos líderes da UE, prevista para 1 e 2 de março.

O plano foi revelado cerca de 24 horas depois de os governos da Zona Euro terem apoiado um perdão inédito da dívida soberana grega, detida por investidores privados, que deve reduzir o peso da dívida grega em cerca de um terço, para 107 mil milhões de euros.

A iniciativa foi promovida pelo governo francês, revelaram diplomatas na véspera do início das primeiras conversações entre os embaixadores dos 27 Estados, sobre a proposta de texto, previstas para a manhã de quinta-feira, em Bruxelas.

Um dirigente sénior da UE disse «esperar uma discussão vigorosa» sobre os termos do perdão de dívida, que pode ser dado em troca de reformas democráticas e acordos preferenciais de comércio.

A ideia está a ganhar força um ano depois do início da Primavera Árabe, com os líderes europeus a quererem um «progresso rápido» nas negociações sobre os acordos de comércio livre entre a UE e os países da sua vizinhança Sul, deve dizer a declaração da cimeira.

«Precisamos de saber quem mostra aqui determinação, quem é neutral e quem se opõe», acrescentou o dirigente da UE.

«Ainda ninguém falou em números e a comissão Europeia não avançará uma proposta terminada até abril», garantiu outro dirigente de um governo nacional.

Porém, esta mesma fonte admitiu que pudessem estar em causa «milhares de milhões de dólares».