Sócrates: «Oposição criou crise sem razão ou alternativa» - TVI

Sócrates: «Oposição criou crise sem razão ou alternativa»

Primeiro-ministro apela a «alternativas» e garante que, mesmo com condições mais difíceis para a economia e para os bancos, Portugal não vai pedir ajuda externa

O primeiro-ministro convocou uma conferência de imprensa de última hora, na sua residência oficial em São Bento, para apontar cargas aos partidos de oposição, em especial ao PSD: «Lamento muito o gesto irreflectido e inconsciente [de chumbar o PEC 4], com as consequências no financiamento da nossa economia, do nosso sistema bancário e do nosso país».

«A oposição decidiu abrir uma crise política. Fê-lo sem razão e sem alternativa. E apenas por uma cobiça de poder», disse José Sócrates aos jornalistas.

«O que fizeram ao país? Puseram o país numa situação onde não pode responder rapidamente às situações que se lhe colocam».

Classificando o gesto como «leviano», o primeiro-ministro demissionário apelou agora aos partidos para que apresentem «medidas alternativas» para que Portugal cumpra as metas orçamentais que se comprometeu com Bruxelas e que o façam antes das eleições.

«Agora só falam de ideias barafundas. Primeiro é o aumento do IVA, depois a privatização da Caixa. Digam de uma vez por todas o que querem». E digam-no antes das eleições, porque fazê-lo depois «seria muito desleal com os portugueses, com o país e com a Europa».

Esta terça-feira, o Banco de Portugal agravou as perspectivas para a economia nacional até 2012 e a S&P voltou a cortar o rating da República portuguesa.

Mesmo assim, Sócrates refreou o pessimismo: «Estas projecções são sensivelmente as mesmas que tinham. Há uma queda de uma décima. E confirma apenas aquilo que já foi dito pelo Banco de Portugal, que este ano vai ser muito exigente».

Por isso, o ainda primeiro-ministro afasta qualquer pedido de resgate. «O Governo não tem intenção de o fazer e vai fazer tudo para que isso não aconteça».

No entanto, o chumbo da quarta versão do Programa de Estabilidade e Crescimento, veio tornar as coisas mais difíceis: «A mensagem que passou para os mercados é que Portugal não deseja medidas de austeridade».

Por isso, «o melhor agora é reforçar a confiança, terminar com todas as incertezas e que os partidos, que chumbaram o PEC, apresentarem alternativas».

José Sócrates disse ainda que, no Conselho Europeu de 11 de Março, a Europa comprometeu-se a «atravessar a crise unida» e que, com o chumbo do PEC 4, Portugal «deitou para o lixo aquilo que o Governo tinha conseguido, com a aprovação da União Europeia, do BCE e da Comissão Europeia».

Por isso, se o PS voltar a ser governo, vai apresentar o mesmo programa porque esse é «o nosso compromisso».

Por agora, uma coisa é certa: Portugal vai falhar o prazo de Abril para apresentar o seu Programa de Estabilidade e Crescimento para o próximo ano: «Bruxelas vai ter de esperar pelo novo governo», esclareceu Sócrates.
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