Apenas oito mulheres têm cargos executivos nas empresas cotadas em Portugal - TVI

Apenas oito mulheres têm cargos executivos nas empresas cotadas em Portugal

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  • 28 jun 2020, 10:05
Bolsas (Lusa/EPA)

Entre os 76 administradores executivos, das 18 empresas do PSI20, existem oito mulheres, o que representa 10,5%, distribuídas pela Sonae, Sonae Capital, Galp, NOS, EDP e BCP. No último ano, eram apenas seis.

Apenas oito mulheres têm cargos na Comissão Executiva no universo das empresas cotadas em Portugal, o PSI20, de acordo com o índice Leading Together, disse à Lusa a fundadora Catarina Soares, o que corresponde a 10,5%.

A Leading Together, criada em Portugal em 2019, é uma iniciativa da Associação de Alumni do INSEAD, que conta com McKinsey, Nova SBE e Euronext enquanto parceiros e tem como objetivo a promoção de lideranças equilibradas em termos de género nas posições de topo das empresas.

O índice Leading Together lista todas as empresas cotadas do PSI20, com base na representação feminina e masculina em posições de liderança em cada uma das empresas", explicou a membro da direção da alumni do INSEAD.

Em todas as empresas do PSI20 [são 18] só há oito administradores executivos que são mulheres, representa 10,5%" do total [em 76 administradores executivos]", acrescentou a responsável.

No ano anterior, o número de mulheres na Comissão Executiva das empresas cotadas era seis.

Estas oito administradoras executivas estão distribuídas em seis empresas: Sonae, Sonae Capital, Galp, NOS, EDP e BCP.

Catarina Soares referiu que, apesar destes dados serem públicos, "não são muito conhecidos", daí que se tenha avançado para a construção desde índice, para que haja uma perceção da situação atual.

Já no caso do Conselho de Administração das 18 empresas cotadas no índice principal da bolsa portuguesa, "este ano passamos de 21% para 26%" de mulheres neste órgão, tratando-se "de uma melhoria", referiu, mas ainda longe do equilíbrio.

A situação de desequilíbrio e falta de diversidade na liderança não é só o caso de Portugal", salientou a responsável.

A iniciativa Leading Together tem três objetivos: a tomada de consciência da situação atual, a partilha das melhores práticas e dos benefícios de uma liderança mais equilibrada no topo, nomeadamente a nível de género, e que sejam celebrados os casos de sucesso, explicou a fundadora.

Depois do primeiro evento no ano passado, o Leading Together realiza na próxima terça-feira, o 'zoom webinar', onde será divulgado o índice e também será atribuído um prémio "à empresa mais bem classificada", o qual se traduz em dois cursos para executivos da cotada vencedora - o INSEAD Gender Diversity Programme -, que tem como objetivo ajudar as organizações a fazer um diagnóstico do equilíbrio de género e dá instrumentos de gestão para melhorar.

Portugal ainda tem muito a progredir, mas já se nota que está a fazer esse caminho, não é culpa de ninguém, não há uma razão absoluta, o que a academia identifica é que há uma rede sistémica, tem a ver com fatores culturais, com o histórico das empresas, com o modelo de liderança e com o preconceito inconsciente, que é o tema da nossa conferência este ano", acrescentou.

No evento do Leading Together de terça-feira será debatido o preconceito inconsciente: "O nosso cérebro tem uma tendência natural para fazer associações quando está a tomar decisões, agrupa, simplifica para conseguir processar informação e tomar decisões mais rapidamente", prosseguiu Catarina Soares.

Um dos fenómenos é "querermos estar rodeados de pessoas parecidas connosco, quando se junta o preconceito inconsciente com os fatores de condicionamento social, cultural", o que acaba por "afetar a decisão".

O evento deste ano conta com um painel com as presenças dos líderes da Sonae, Cláudia Azevedo, dos CTT, João Bento, e da SIBS, Madalena Tomé, os quais vão "partilhar a experiência das empresas" no equilíbrio de género na liderança, os seus benefícios e o preconceito inconsciente.

Está estudado que as lideranças equilibradas conseguem antecipar a mudança mais cedo, conseguem gerir melhor o risco, tomar melhores decisões de investimentos, demonstrar níveis mais altos de criatividade e inovação", como também "melhores performances financeiras", apontou.

É importante que se perceba que estamos a falar de um tema de gestão de empresas, é económico e social, não é um tema das mulheres", mas sim "da sociedade e da economia", rematou Catarina Soares.

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