Moody`s: BCE compra tempo mas não é solução - TVI

Moody`s: BCE compra tempo mas não é solução

Triplo A

Agência diz que solução está na mão dos governos do euro

O plano do Banco Central Europeu (BCE), para oferecer apoio ilimitado ao mercado da dívida pública não vai resolver a crise da Zona Euro, defende a Moody¿s numa nota publicada esta segunda-feira e citada pela imprensa económica internacional.

O programa, anunciado na passada quinta-feira pelo presidente do BCE, com o apoio de todos os governadores exceto um, permite comprar dívida pública, contribuindo para a descida das taxas de juro, em troca de compromissos por parte dos governos, de medidas de austeridade e disciplina orçamental.

«O BCE pode esperar que o anúncio por si só seja suficiente para acalmar os investidores e nem seja necessário realizar efetivamente compras avultadas de dívida, mas a evolução da crise sugere que isto é improvável e que os mercados vão testar o empenho do BCE», escreve a agência de notação financeira numa nota assinada pelos analistas Alastair Wilson e Colin Ellis.

Ainda que a reação dos mercados ao anúncio tenha sido positiva, a Moody's sublinha que o facto de o programa estar limitado a países sob resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE), pode apagar parte do impacto positivo inicial.

«Também não é claro se a Espanha ou a Itália têm intenção de se candidatar a este programa ou por quanto tempo os montantes disponíveis ao abrigo de programas preventivos suportariam cada país se o fizerem», acrescenta a agência.

Para a Moody¿s, a medida do BCE deverá conseguir «comprar algum tempo» aos mercados e mantém a porta aberta ao acesso por parte de países como Espanha e Itália, «na medida em que os investidores acreditarem que as autoridades da Zona Euro vão usar o tempo comprado para aprovar reformas estruturais, medidas orçamentais e alterações mais profundas à moldura orçamental e de governo económico da Zona Euro», mas dificilmente soluciona qualquer problema. Wilson e Ellis escrevem mesmo que o programa do BCE vai suportar o acesso dos países periféricos e dos seus bancos ao mercado de dívida, o que é positivo, mas em última análise, a responsabilidade pela resolução da crise está na mãos dos governos da área do euro».

A economia italiana contraiu-se 0,8% no segundo trimestre deste ano, mais do que o previsto, elevando a quebra do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,6% em termos homólogos. É a maior queda desde 2009.

Já Espanha enfrenta o vencimento de 27,5 mil milhões de euros de dívida em outubro e precisa de se refinanciar, uma tarefa que pode ser dificultada se o país vir o seu rating cortado. A Moody¿s atribui atualmente a Espanha um rating de «Baa3», apenas um degrau acima de lixo, e conclui a reavaliação da nota até ao final do mês.
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