TAP: manutenção e engenharia com 30% da redução de trabalhadores - TVI

TAP: manutenção e engenharia com 30% da redução de trabalhadores

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  • 10 dez 2020, 17:13

O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves recorda que “desde 2001 que o número de Técnicos de Manutenção de Aeronaves tem vindo a decrescer na TAP”

O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema) disse esta quinta-feira que 30% dos despedimentos previstos na TAP são na Manutenção e Engenharia, uma área com “resultados positivos”, lê-se num comunicado.

Dos 750 despedimentos previstos nos trabalhadores de terra da TAP 450 são da TAP Manutenção e Engenharia (TAP ME), uma área da empresa que, desde há várias décadas, apresenta resultados positivos para o grupo TAP”, referiu a estrutura sindical.

Esta previsão representa “uma redução de mais de 30% de trabalhadores nesta estrutura”, referiu o Sitema, garantindo que “ainda não foi informado acerca dos despedimentos previstos especificamente na classe dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (TMA’s) que representa apenas cerca de 50% do total de trabalhadores da TAP ME”.

O sindicato considera “a reestruturação necessária, não só no que respeita a cortes de alguns custos, mas, sobretudo, no que concerne à modificação de processos, de medidas de produtividade e do desenho hierárquico da TAP”, mas Paulo Mando, presidente da entidade, defende que “quando é necessário fazer cortes” devem ser executados “nas gorduras e não no músculo”.

O sindicato recorda ainda que “desde 2001 que o número de TMA’s tem vindo a decrescer na TAP”, sendo que, nessa altura, para “uma frota de 36 aviões, a companhia aérea de bandeira portuguesa trabalhava com 1.409 profissionais desta classe”.

Atualmente a classe inclui cerca de 900 TMA´s “para uma frota de 87 aviões, o que revela um rácio de 1,44 técnicos por avião, número bastante inferior à média de TMA’s por aeronave praticada pelas companhias aéreas de referência, que se situa nos 3,5”, garante o Sitema.

Paulo Manso refere ainda que, no que diz respeito à redução de 25% na massa salarial dos trabalhadores, prevista no plano de reestruturação, “um técnico em início de carreira aufere, na TAP, cerca de 800 euros” e que “a média de vencimentos dos trabalhadores que efetivamente reparam os aviões para poderem voar em segurança está entre os 1.600 e os 1.700 euros”.

O responsável assegura que “este valor, ao contrário, do que tem sido anunciado, pelo menos no que respeita aos TMA´s, está muito abaixo do que é praticado em outras companhias onde colegas ganham numa semana o que quem trabalha na TAP ganha num mês”.

O Sitema indica ainda que, no ano passado, a TAP ME apresentou resultados positivos de 47 milhões de euros.

Em 18 de novembro, o Sitema disse que a "TAP não pode dispensar mais técnicos de manutenção de aeronaves", alertando para as consequências da falta destes profissionais, segundo um comunicado.

A companhia aérea "já procedeu à dispensa de uma parte destes nossos colegas que se encontram agora numa situação de desemprego", sendo que "alguns já foram entretanto contratados por empresas concorrentes da TAP", referiu o sindicato.

A estrutura sindical referiu que a transportadora "está a desperdiçar mais de 980.000 euros investidos só na sua formação teórica base, além do tempo e dinheiro já investido na sua formação prática, que agora se estava a iniciar e que era preciso manter por forma a atingir a sua maturidade profissional", lembrando que demora em média 10 anos até um profissional destes estar totalmente autónomo.

A dispensa destes nossos colegas não só não soluciona, como vem acentuar um problema grave já existente: a falta de mão-de-obra na nossa classe profissional devido à elevada saída destes profissionais para outras companhias aéreas", lê-se no comunicado.

O prazo para a entrega do plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia, condição dada por Bruxelas para aprovar o auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à companhia aérea, termina esta quinta-feira.

Segundo fonte oficial do Ministério das Infraestruturas, o Governo entrega esta quinta-feira o plano de reestruturação exigido por Bruxelas, no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros, aprovado pela Comissão Europeia, em 10 de junho.

A partir daquela data, a companhia tinha seis meses para apresentar um plano de reestruturação que demonstre que a empresa tem viabilidade futura, uma vez que a Comissão Europeia entendeu que a companhia já se encontrava numa situação financeira difícil antes da pandemia de covid-19, não sendo, assim, elegível para apoios específicos para empresas que estejam a sofrer os impactos da crise sanitária.

A elaboração do plano ficou a cargo da consultora Boston Consulting Group (BCG), escolhida pela companhia aérea.

O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos que os representam.

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