«O segurança, à porta, pedia-me para que eu deixasse o meu telemóvel e o meu iPad antes de entrar para as reuniões, que eram privadas. E, de facto, havia um cacifo com vários telemóveis e iPads»
Sabendo, agora, que afinal esses encontros eram gravados, Honório ironiza, dizendo que não consegue «qualificar isso». Comparou essa atitude «a alguém que vá a nossa casa gravar» conversas alegadamente «informais».
«Nunca tive conhecimento que tais reuniões fossem gravadas, nem nunca me foi pedido. Nunca foi dado consentimento para que fossem gravadas».
Fez questão de frisar, ainda, que não assegura que as transcrições publicadas na imprensa «sejam exatas».
Ricardo Salgado também disse, na sua audição, que desconhecia que as reuniões, às quais presidia, eram gravadas. Outros intervenientes afirmaram exatamente o contrário. O controller financeiro José Castella é tido como o homem do gravador .
José Honório confirmou aos deputados a versão de Salgado sobre os contactos «ao mais alto nível» com membros do Governo e, inclusive, com a Comissão Europeia, ainda em maio de 2014, dois meses antes do colapso. E considera que as autoridades não podiam ter sido «indiferentes» ao risco de desmoronamento do GES e do BES.
O ex-administrador recusou, primeiro, liderar a comissão executiva da RioForte. Depois, aceitou ser conselheiro do BES e acabou por integrar, mais tarde, a administração de Vítor Bento, a convite deste. Um convite secundado pelo Banco de Portugal que pintou, segundo Honório, um cenário bem diferente do banco do que aquele que ele encontrou quando assumiu funções.