Inquérito BES: o que esperar da segunda audição de Salgado - TVI

Inquérito BES: o que esperar da segunda audição de Salgado

O banqueiro foi ouvido a 9 de dezembro, mas, agora, várias audições depois, deverá ser confrontado com novos dados e novas «versões» da história que levou ao colapso do BES

Ricardo Salgado regressa esta quinta-feira à comissão de inquérito ao BES depois de, a 9 de dezembro, ter sido ouvido pelos deputados numa audição que demorou mais de 10 horas.

Na altura, o banqueiro, que liderou o BES durante mais de duas décadas, assumiu responsabilidades, sim, mas não sozinho, e atirou culpas para o contabilista e para dois grandes alvos: o Banco de Portugal e o Governo.

Várias audições depois, Salgado vai ser confrontado agora com novos dados e ainda com as declarações de outros protagonistas do caso, que entretanto também já contaram a sua versão dos factos.
 
  •  O contabilista

Desde logo começando pelo contabilista do GES, Machado da Cruz, que Salgado acusou de ocultar uma dívida de cerca de 1,3 mil milhões de euros.

Acontece que o contabilista já foi ouvido pelos deputados e afirmou que a ordem para essa ocultação partiu, precisamente, do ex-presidente do BES.

Esta quinta-feira é expectável que Salgado devolva a acusação e afirme que nunca deu «instruções» para tal.

 
  • Auditoria forense revelou desobediências ao Banco de Portugal

A 9 de dezembro, o banqueiro teceu críticas duras ao Banco de Portugal, culpando-o diretamente pela «destruição» do BES.


Salgado alegou que o supervisor não deu tempo ao BES de aplicar o seu plano de recuperação. O ex-presidente do BES afirmou que a sua intenção era «apresentar um plano de governance sobre a sua sucessão, mas o Banco de Portugal impôs exigências», em jeito de «ultimato», e «impossíveis» de realizar num prazo tão curto.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, reagiu depois a estas acusações, refutando veemente as declarações de Salgado.

Agora, o ex-presidente do BES deverá ser confrontado com uma auditoria forense que acusa a sua gestão de ter praticado pelo menos quatro atos dolosos e 21 desobediências às determinações do Banco de Portugal.
 
  • Os encontros com o Governo e a reunião «esquecida» com Paulo Portas

Também o Governo, um dos visados nas críticas de Salgado, deverá voltar ao centro do debate.

Salgado afirmou, na altura, que teve reuniões com três membros do Governo: o primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o secretário de Estado Adjunto de Passos Coelho, Carlos Moedas. 

O executivo já revelou entretanto que Salgado pediu, em maio de 2014, uma ajuda para salvar o GES, através de uma intervenção da Caixa Geral de Depósitos.

O banqueiro afirmou que o executivo «não quis saber».

Agora, Salgado deverá ser questionado novamente sobre estes encontros, até porque deixou de fora uma reunião com Paulo Portas, que foi ouvido esta terça-feira.

O vice-primeiro-ministro confirmou que teve uma reunião com Salgado, José Honório e José Manuel Espírito Santo, na qual foi pedido apoio para resolver os problemas no GES, mas que, em nenhum momento, o BES foi falado.

Mas as possíveis questões não ficam por aqui. 
 
  • BESA,  Morais Pires e Rio Forte

Em relação ao BES Angola, por exemplo, uma auditoria da consultora Deloitte revelou que houve transferências de dinheiro para «entidades ligadas a responsáveis do BES». O relatório menciona 16 situações de potenciais incumprimentos, que deverão agora ser questionadas pelos deputados.

Sobre os 3,3 mil milhões de euros de créditos concedidos pelo BES ao BESA, Salgado afirmou a 9 de dezembro que Álvaro Sobrinho é que mandava em tudo e criou uma «dívida pavorosa». Mas Sobrinho refutou as acusações, afirmando na comissão que esse dinheiro nunca saiu de Portugal e que Salgado sabia de tudo. 

A PT também deverá ser um dos pontos abordados.

A 9 de dezembro , Salgado lamentou que este foi «o único risco que não previu». 

O ex-administrador financeiro do BES Morais Pires aucsou Salgado e Henrique Granadeiro de terem combinado um «investimento» desastroso na Rio Forte  que deixou um enorme buraco na operadora e, no limite, levou à venda da PT Portugal aos franceses da Altice.
 
 
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