"Recomendamos congelamento generalizado de salários em 2017" - TVI

"Recomendamos congelamento generalizado de salários em 2017"

Linha de montagem automóvel

Fórum para a Competitividade diz que as contas externas estão "em clara deterioração", dívida pública está a subir e a descida do investimento público resulta de "uma estratégia económica duplamente errada". Nem o salário mínimo deve subir

O Forum para a Competitividade tece várias críticas à estratégia económica do Governo e olha para os dados económicos com pessimismo. Na nota de conjuntura de agosto, para além da análise que faz, acaba mesmo por recomendar que os ordenados no setor privado não subam, incluindo o salário mínimo.

Recomendamos que para 2017 haja congelamento salarial generalizado no sector privado, com excepção de promoções, tal como acontecerá no sector público. Em particular, não se deve aumentar o salário mínimo no próximo ano, que já se encontra em níveis preocupantemente desfasados da produtividade, prejudicando sobretudo os trabalhadores em posição mais frágil".

Outro "erro" é a descida do IVA na restauração, porque diz, "não levou a qualquer diminuição de preços". Ou seja, para o Fórum, não terá reflexos em maior consumo, nem em mais emprego.  

Quais são os argumentos na base destas recomendações? Diz o Forum para a Competitivdade que as contas externas estão "em clara deterioração". Aqui, a única exceção, mas "por maus motivos" é a balança de bens e serviços, mas as exportações estão a cair menos do que as importações.

O PIB do 2º trimestre estabilizou, mas 73% da forte queda (nominal) do investimento é directamente imputável ao Governo, pela descida do investimento público, fruto de uma estratégia económica duplamente errada: privilegiar a procurar interna às exportações; dentro da procura interna, preferir o consumo privado ao investimento".

Apesar de o défice ter caído 453 milhões até julho, aquela associação entende que a execução orçamental está em níveis "preocupantes, para além de a sua fiabilidade nos merecer bastantes reservas".

Depois, a dívida pública está a subir, "quando deveria estar a cair e as taxas de juro portuguesas são as únicas da zona do euro que subiram nos últimos 12 meses".

O rating de Portugal é outra das preocupações: com os alertas sobre uma expansão lenta do PIB, já admitida pelo ministro das Finanças, o Fórum para a Competitividade afirma que o risco de a única agência de rating que dá nota positiva a Portugal - a DRBS - poder baixá-la para lixo pode fazer soar os alarmes na segunda quinzena de outubro, "o que teria consequências catastróficas, não só económicas e financeiras, mas também políticas". A acontecer, coincidiria precisamente com a apresentação do Orçamento do Estado.

Embora em relação à situação externa as coisas até pareçam estar a estabilizar, depois do choque do Brexit, fica o aviso de que "os próximos dois meses deverão ser especialmente complicados em termos políticos, devido à dificuldade em aprovar medidas adicionais para 2016 e negociar a proposta de orçamento para 2017".

O Forum para a Competitividade já existe desde 1994 e foi criado no seguimento das propostas formuladas no estudo "Construir as vantagens competitivas de Portugal", encomendado pelo então Ministro da Indústria e Energia, Luís Mira Amaral, financiado por um conjunto de empresas, associações empresariais e outras entidades públicas e privadas e sob a direção do professor Michael Porter.

 

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