Bruxelas sanciona Portugal e Espanha, mas abre porta a multa zero - TVI

Bruxelas sanciona Portugal e Espanha, mas abre porta a multa zero

Comunicado que dá oficialmente conta da decisão antecipada pela TVI, de propor ao Ecofin sanções, reconhece que foram aplicadas reformas importantes, mas que as regras são para cumprir. Comissão não avança valores, mas espera que Ecofin concorde com a penalização

A Comissão Europeia vai mesmo abrir um processo para impor sanções a Portugal e Espanha, por não terem cumprido as regras do défice entre 2013 e 2015, conforme antecipou a TVI. Para fazer esta avaliação, Bruxelas não retirou o efeito do Banif para o agravamento contas do ano passado, uma vez que se refere, por duas vezes, ao défice de 4,4% e não de 3,2%. Apesar de abrir caminho à penalização, Bruxelas também abre, no entanto, a porta para que ela possa ser simbólica, pelo menos no que diz respeito à multa a pagar. Quanto aos fundos comunitários, parte deles poderão ser suspensos.

"Tanto Portugal como Espanha vão pedir novos prazos para corrigir os seus défices excessivos e a adoção destas recomendações, hoje, é o passo legal necessário a dar. A Comissão vai propor um novo pacto de ajustamento orçamental para cada país numa etapa subsequente."

No comunicado que dá oficialmente conta da decisão é citado o comissário para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, que diz esperar que os ministros das Finanças da União Europeia "confirmem" no Ecofin esta recomendação, ou seja, que concordem com a Comissão.

Na prática, Bruxelas vai propor uma multa e a suspensão de parte dos fundos comunitários. Só que este comunicado não detalha valores.

A multa "pode ser reduzida" ou mesmo "cancelada", lê-se no documento, que abre assim a porta a uma sanção que pode vir a ser mais simbólica. E isso pode acontecer quando os países enfrentam "circunstâncias económicas excecionais", desde que os Estados-membros em causa argumentem bem nesse sentido.

Se o Estado português o fizer e o Ecofin considerar que o caso português corresponde a este retrato - e ainda recentemente a troika saiu do país e, pela primeira vez este ano, Portugal deverá sair do Procedimento por Défices Excessivos -, na prática até pode nem haver lugar ao pagamento de 360 milhões de euros já que, segundo as regras, a multa seria de 0,2% do PIB. 

O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, que é também o comissário responsável pelo Euro, reconheceu que tanto Portugal como Espanha percorreram um longo caminho desde a crise, aplicando medidas importantes, sendo que Bruxelas, no seu todo "reconhece" esses esforço. Mas para os comissários uma coisa é certa: falharam a correção do défice por não terem aplicado medidas eficazes.

Embora a própria Comissão Europeia diga que esta decisão diz apenas respeito "a dados orçamentais do passado", é previsível que as sanções tenham impacto nas contas públicas deste ano.

A decisão final está nas mãos dos ministros das finanças, o chamado Ecofin, que vai reunir-se já já próxima terça-feira, 12 de julho. A Comissão promete "continuar a vigiar" a implementação do Pacto de Estabilidade e Crescimento.

No caso português, o défice de 2015 ficou nos 4,4%, conforme faz questão de frisar Bruxelas, que não teve por isso em linha de conta o efeito do Banif, em vez dos 2,5% fixados inicialmente. Em Espanha, o défice atingiu os 5,1% do PIB, quando o limite era de 4,2%

Comissão disposta a negociar com Portugal "melhor via a seguir"

A Comissão Europeia reconheceu o esforço de ajustamentos orçamentais que Portugal tem feito e afirma-se disposta a procurar um entendimento sobre o caminho a seguir, enquanto sublinha a necessidade de correção do défice excessivo.

“Espanha e Portugal percorreram um longo caminho desde o início da crise, graças a importantes ajustamentos orçamentais e a grandes reformas para recuperar a competitividade”, sublinha o comissário europeu para o Euro, Valdis Dombrovskis, num comunicado divulgado esta quinta-feira.

Dombrovskis salienta também que Lisboa e Madrid “não atingiram os seus objetivos orçamentais”, declarando a disponibilidade da Comissão Europeia para “trabalhar em conjunto com as autoridades espanholas e portuguesas a fim de definir a melhor via a seguir”.

Já em conferência de imprensa, Valdis Dombrovskis, salientou que se o Conselho de Ministros das Finanças da UE seguir as recomendações de Bruxelas para Portugal será aberto um procedimento, mas poderá não haver multa.

“Se a decisão de hoje for confirmada pelo Conselho dá origem a um procedimento”, disse Dombroskis, salientando que se for decidida a aplicação de sanções, os países em causa – Portugal e Espanha – podem “apresentar motivos para as sanções serem reduzidas ou mesmo anuladas”.

Também o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, reforçou a possibilidade de os ministros das Finanças da União Europeia (UE) optarem por “uma multa igual a zero”, sublinhando que a decisão compete ao Ecofin.

“Hoje está em causa uma avaliação objetiva do passado, não estão em causa sanções”, sublinhou Moscovici.

O comissário lembrou que Portugal “devia ter corrigido o défice excessivo em 2015, mas este aumentou para 4,4%”, salientando que mesmo sem o resgate do Banif, este ficaria “ligeiramente acima dos 3,0%”.

Portugal “não cumpriu as metas, nem a nível nominal, nem estrutural”, disse.

Dombrovskis, por seu lado, lembrou que “estamos a lidar com o rescaldo de uma crise económica e financeira”, mas adiantou a necessidade se as finanças voltarem “ao bom caminho”, sem défices excessivos.

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