Grupo de enfermeiros cria sindicato independente para “acabar com ilegalidades” - TVI

Grupo de enfermeiros cria sindicato independente para “acabar com ilegalidades”

  • BC
  • 26 fev 2020, 09:45
Enfermeiros

O Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos foi iniciativa de um grupo de enfermeiros do norte, mas entre os sócios fundadores há "profissionais do Algarve ao Minho"

Um grupo de enfermeiros decidiu criar um novo sindicado dedicado ao setor - o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU)- para “acabar com as ilegalidades que atingem” estes profissionais, divulgou hoje a presidente.

A iniciativa partiu de um grupo de enfermeiros do Norte, mas, entre os cerca de 30 sócios fundadores do SITEU, “há profissionais do Algarve ao Minho”, garantiu, em declarações à agência Lusa, a presidente Gorete Pimentel, sublinhando que este sindicato terá “abrangência nacional”.

Entendemos que um sindicato tem de ser completamente independente e não pode estar preso a amarras políticas nem de federações como CGTP [Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses] ou UGT [União Geral de Trabalhadores]. Temos de ser completamente independentes para podermos lutar pelas nossas causas. Achamos que os sindicatos existentes estão muito presos politicamente e não conseguem defender a classe laboral”, descreveu a responsável.

Gorete Pimentel contou que o SITEU “está constituído com uma comissão instaladora e tem uma direção a funcionar”, acrescentando que atualmente está em curso um programa de ações que visa a divulgação do sindicato.

“Ainda não estamos a representar pessoas, porque estamos na fase de constituição. Vamos começar a angariação de sócios. Quem entender que se revê na nossa missão, na nossa vontade de fazer as coisas, é muito bem-vindo. Os nossos colegas enfermeiros que estão descontentes com o que se tem passado, têm de perceber ao que vimos e livremente associarem-se”, referiu Gorete Pimentel.

A presidente do SITEU apontou que a ideia de criar um novo sindicato prende-se com o facto de a classe estar “inconformada com o estado atual do setor da enfermagem, do Serviço Nacional de Saúde, da carreira e das políticas existentes”.

Já num comunicado de apresentação, o SITEU refere que a constituição desta nova estrutura sindical “resulta da iniciativa de um conjunto alargado de enfermeiros descontentes com o atual panorama da profissão em Portugal”.

De acordo com o SITEU “existem 76.000 enfermeiros em Portugal, mas apenas cerca de 10.000 são sindicalizados”.

O SITEU considera, conforme se lê na nota, “essencial que sejam cumpridos os rácios enfermeiro/doente, com dotações seguras”, pelo que pretende “exigir a contratação de profissionais para suprir as necessidades”.

“É a saúde dos doentes e dos enfermeiros que está em causa. Portugal conquistou ganhos em saúde nas últimas décadas que não podemos perder, não queremos um retrocesso civilizacional e é isso que está em causa”, lê-se no documento.

Já no que diz respeito a reivindicações para os profissionais, o SITEU promete “lutar por melhores condições salariais, nomeadamente pelo cumprimento do descongelamento das carreiras negociado para o Orçamento de Estado de 2018”.

Outra reivindicação é que a idade da reforma dos enfermeiros passe para os 60 anos e que a profissão seja reconhecida como uma profissão de desgaste rápido e de risco acrescido.

Por fim, questionada sobre a forma de financiamento desta nova estrutura, Gorete Pimentel avançou que o SITEU é financiado “neste momento principalmente” por si e por colegas que fazem parte da direção.

“Cada um dá o que pode para serem pagas as despesas inicialmente. Quando tivermos sócios, será financiado pelas quotas dos sócios. Estamos a fazer voluntariado, a dar do nosso tempo para lutarmos por todos. Quem se revir nas nossas causas vai-se associar ao SITEU. Quanto maior formos, mas voz teremos e com certeza vamos falar com Governo e com as bancadas parlamentares”, terminou. 

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