“Se se quiser manter ou mesmo aumentar as pensões, então a implicação óbvia é que os impostos e as contribuições terão de aumentar. Isso tem de ser tido em conta em muitas das discussões sobre pensões, essa é a compensação que tem de acontecer. Se há uma escolha social nessa direção, é possível. Mas sem isso, se os atuais contribuidores e contribuintes não estão dispostos a aumentar a sua contribuição, então os custos com pensões têm de descer.”
Para o responsável do FMI, a solução para o sistema de pensões vai exigir um acordo político entre a esquerda e a direita, depois das eleições.
“Temos de ser realistas. Muitas das medidas, como o Governo disse, vão exigir consenso do outro lado do espetro político. O PEC delineia o caminho a seguir, e penso que a direção é clara, mas os detalhes têm de surgir. Surgirem com um consenso o mais alargado possível é o melhor caminho e o mais sustentável.”
Portugal tem de aproveitar já a oportunidade para fazer reformas, reitera Subir Lall. O setor público e o mercado de trabalho devem ser as prioridades.
“Uma reforma abrangente do setor público, de baixo para cima, que definisse como modelar o serviço público, permitiria encontrar e alinhar as qualificações e manter o envelope de despesa definido. Não significa um corte na horizontal, mas uma racionalização do setor público. Como em qualquer setor público, deverão existir setores onde há trabalhadores a mais, e setores onde faltam trabalhadores. Mas é preciso fazer o trabalho difícil de ver onde é que isso acontece.”
Relativamente ao impasse na Grécia e a um possível default, responsável, questionado sobre que implicações tem esse cenário para Portugal, foi evasivo. Subir Lall adianta que o FMI analisa a volatilidade e de que forma o país gere a situação. No caso português, aponta, há uma grande reversa de tesouraria, assim como um pagamento antecipado ao FMI, o que é visto como positivo.